A indústria portuguesa de calçado vai investir 140 milhões de euros nos próximos três anos, para ser “a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”, disse esta terça-feira a associação empresarial APICCAPS.

A indústria portuguesa de calçado vai investir 140 milhões de euros nos três próximos anos, através do Cluster do Calçado e Moda, liderado pela APICCAPS [Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos] e Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), com o objetivo de ser a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”, anunciou a associação, em comunicado.

Adicionalmente, o setor pretende ainda “reforçar as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação”.

O investimento contempla dois projetos distintos, que se complementam, enquadrados no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), e que juntam mais de 100 empresas, incluindo universidades e entidades do sistema científico, explicou a APICCAPS, admitindo a expectativa de poder ver este número de parceiros aumentar.

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Dos 140 milhões de investimento, 80 milhões destinam-se ao projeto BioShoes4All (“Biocalçado para todos”), que pretende “induzir uma mudança radical nos materiais, tecnologias, processos e produtos”, através da aposta em biomateriais, calçado ecológico, economia circular, tecnologias avançadas de produção e capacitação e promoção, conforme explicou a coordenadora do projeto, Maria José Ferreira, do CTCP.

Segundo a responsável, um dos objetivos daquele projeto prende-se com “o desenvolvimento e a produção de novos biomateriais e componentes, alicerçados nos princípios da bioeconomia circular e do desenvolvimento sustentável, em todas as suas dimensões, criando soluções diferenciadas, valorizadas pelos clientes e consumidores, contribuindo para catalisar uma nova bioeconomia sustentável, a valorização eficiente de biorrecursos regionais e nacionais e a descarbonização”.

Os restantes 60 milhões de euros do total de investimento previsto até 2024 destina-se ao projeto FAIST que, conforme explicou o diretor geral do CTCP, Leandro de Melo, pretende “aumentar o grau de especialização da indústria portuguesa de calçado para novas tipologias de produto” e potenciar “a capacidade de oferta das empresas portuguesas de calçado através do reforço da capacidade de fabricar médias e grandes encomendas, utilizando processos de montagem mais eficientes”.

Se hoje as empresas portuguesas são reconhecidas pela sua capacidade de inovação, do fabrico de pequenas encomendas de modo eficiente ou pela flexibilidade, terão agora de otimizar processos e melhorar a eficiência, para assegurar novos ganhos de competitividade, acrescentou o responsável.

Para o presidente da APICCAPS, Luís Onofre, “o setor do calçado sempre assumiu como grande objetivo ser uma grande referência internacional”, defendendo ainda que “este é o momento de preparar uma nova década de crescimento, reforçando competências, acelerando a inserção de novos quadros qualificados nas empresas e aumentar o investimento em I&DT [investigação, desenvolvimento e tecnologia]”, para que possa apresentar “produtos altamente diferenciadores”.