Dois elefantes morreram no Sri Lanka depois de consumirem restos de plástico que se encontravam numa lixeira a céu aberto.

Nos últimos oito anos, de acordo com a Associated Press, citada pelo The Guardian, 20 elefantes morreram devido ao consumo de plástico numa lixeira perto da vila de Pallakkadu, no distrito de Ampara. As análises realizadas às carcaças dos dois animais revelaram que tinham consumido uma grande quantidade de plástico não-degradável, segundo o veterinário Nihal Pushpakumara.

Polietileno, embalagens de comida, plástico, outros não-digeríveis e água foram as únicas coisas que observámos nos postmortems. A alimentação normal que os elefantes comem  e digerem não foi evidente”, explicou o veterinário.

Os elefantes são venerados no Sri Lanka, mas são igualmente uma espécie ameaçada, e os seus números têm vindo a reduzir-se de cerca de 14 mil animais no século XIX para entre 2500 e seis mil, segundo a World Wildlife Fund. A espécie é cada vez mais ameaçada pela perda e degradação do seu habitat, o que leva a que muitos elefantes  se aventurem para junto de áreas ocupadas por humanos, em busca de comida.

Alguns são, inclusive, mortos por caçadores furtivos pelas suas presas, ou ainda por agricultores que não querem ver as suas culturas estragadas. A morte de um elefante no Sri Lanka é criminalizada, e punível com morte, explica o jornal norte-americano The Hill.

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De acordo com o veterinário, os elefantes, famintos, têm procurado então restos de lixo no aterro, o que faz com que consumam plásticos e objetos cortantes que danificam o seu aparelho digestivo.

Os elefantes param, por isso, de comer, e tornam-se demasiado fracos para manter a sua pesada estrutura de pé. O que acontece depois é que eles não conseguem consumir comida nem água, o que acelera a sua morte”, explicou.

Em 2017, o governo do Sri Lanka anunciou uma série de medidas para contrariar a procura de comida por parte dos elefantes nas lixeiras, como a reciclagem dos aterros e a colocação de cercas eletrificadas em volta destas áreas. Nenhuma das estratégias foi, contudo, implementada, conta o jornal britânico.

Nas zonas selvagens do Sri Lanka, existem 54 aterros, e cerca de 300 elefantes vagueiam junto destas lixeiras. No local onde se coloca o lixo, em Pallakkadu, nove vilas daquela zona despejam na lixeira os seus detritos, que não são depois reciclados.

Cada vez mais próximos de Pallakkadu, os elefantes levaram os habitantes da vila a construir cercas elétricas a rodear as suas casas, ou a usar fogo de artifício para afugentar os animais.  Muitos dos habitantes, no entanto, não sabem instalar corretamente as vedações elétricas, o que “pode colocar as suas vidas e as dos elefantes em risco“, afirmou o conselheiro da vila, Keerthi Ranasinghe.

“Apesar de os vermos como uma ameaça, os elefantes selvagens são também um recurso. As autoridades precisam de arranjar um modo de proteger tanto as vidas humanas como os elefantes, e que nos permita continuar com as nossas atividades agrícolas”, referiu o conselheiro.