Primeiro, uma derrota em San Siro frente ao AC Milan num encontro que chegou a estar para o empate depois de uma entrada desastrosa em campo mas que teve um final que poderia acabar em goleada – e José Mourinho a queixar-se da ação do VAR sobretudo no lance que valeu o primeiro golo de grande penalidade. A seguir, novo desaire mas no Olímpico diante da Juventus, com uma vantagem de dois golos aos 70′ a ficar reduzida a pó em oito minutos antes de Pellegrini falhar um penálti – e José Mourinho a não ser crítico com a atitude da equipa nesse período final da partida. O ano de 2022 estava a ser para esquecer.

Três golos em oito minutos, um penálti falhado e Mourinho à beira de um ataque de nervos (a crónica do Roma-Juventus)

“Foi tão bom durante 70 minutos mas depois aconteceu um colapso psicológico. O 3-2 matou-nos porque o Felix [Afena-Gyan]fez  um jogo extraordinário, que acabou com um sprint diante do Cuadrado. Tirei-o e a sua substituição acabou por deitar tudo a perder. Com o 3-2 frente a uma equipa como a Juve, com uma mentalidade e um caráter fortes, o medo instalou-se. Um complexo psicológico. O 3-2 não foi um problema para mim, foi para eles, para a minha equipa. No final, quando estás na m****, tentas levantar-te e reencontrar-te mas há algumas pessoas neste balneário que são demasiado simpáticas e um pouco fracas”, atirou o português no final do encontro que valeu a nona derrota na Serie A de 2021/22.

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Mourinho aponta o dedo à equipa após derrota: “Quando estás na m**** tentas levantar-te mas neste balneário há pessoas um pouco fracas”

Apesar do bom início de temporada, os romanos foram caindo a pique, revelaram grandes dificuldades com adversários dos lugares cimeiros (a exceção foi mesmo a goleada em Bérgamo com a Atalanta) e tinham já o pior arranque do Campeonato dos últimos 43 anos, algo que motivou no início da semana uma reunião entre a estrutura dirigente do futebol e o treinador para discutir a situação da equipa, que continuava a uma distância difícil mas recuperável da quarta posição que dá acesso direto à fase de grupos da Liga dos Campeões (nove pontos da Atalanta) mas com alarmes a soarem pelo atual momento. E foi por isso que chegou o mercado de janeiro e um reforço da equipa, com Maitland-Niles e agora Sérgio Oliveira.

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“Nunca acreditei que viesse um jogador como o Sérgio este mês. Tem a personalidade que este grupo precisa e pode jogar em várias posições. Sinceramente, não foi um nome que coloquei na mesa porque tendo em conta a importância dele no FC Porto nunca pensei que fosse possível, mas quando o Tiago Pinto me falou nessa hipótese disse imediatamente que sim. Não por ele [Sérgio Oliveira] ser um maestro, como se diz aqui,  mas por ser um jogador diferente e com o carácter e a experiência que precisamos. Vem de um clube com uma mentalidade que conheço bem. Vamos continuar a tentar melhorar aos poucos”, referira José Mourinho na antecâmara da receção ao Cagliari, antepenúltimo da Serie A.

Não eram só palavras e a melhor prova chegou com as equipas iniciais, onde Sérgio Oliveira apareceu ao lado de Veretout num 4x2x3x1 que não contava com Pellegrini. E foi o português a estar na primeira jogada de perigo junto a uma das balizas, lançando Zaniolo com um grande passe antes de uma falta para grande penalidade de Gabriele Zappa que foi marcada mas depois revertida pelo VAR (4′). Pouco depois, Felix Afena-Gyan atirou para defesa de Cragno (6′), num início com os romanos a saberem aproveitar bem a profundidade para criarem boas aproximações à baliza. Faltava, ainda assim, o golo.

João Pedro Galvão, avançado que passou por Portugal e que nos últimos tempos se tem destacado muito na Serie A, era sempre um potencial perigo nas transições do Cagliari mas era a Roma a estar melhor no jogo e a ter outra grande oportunidade por Tammy Abraham, a não conseguir dar a força necessário num desvio de cabeça após cruzamento de Maitland-Niles (13′). Seria preciso esperar até à meia hora para surgir o golo inaugural da partida e de novo com Sérgio Oliveira em destaque: o antigo médio do FC Porto ganhou um penálti num remate cortado pelo braço por Dalbert e converteu o castigo máximo com sucesso para o 1-0 com que se atingiu o intervalo, na primeira vez que a Roma saía para o descanso em 2022.

O internacional português tornou-se o primeiro médio centro a marcar na sua estreia na Serie A desde que a prova passou a ter um regime de três pontos por vitória, em 1994/95, além de ter sido também o primeiro jogador português a marcar um golo pelos romanos. Tão ou mais importante, marcou aquele que seria o único golo da partida, carimbando os três pontos para o conjunto de Mourinho depois de uma segunda parte sem grandes motivos de interesse, com poucas oportunidades e que valeu sobretudo por uma defesa fabulosa de Rui Patrício a seis minutos do final a João Pedro Galvão isolado na área e pelo regresso aos triunfos dos romanos que ganharam um reforço de peso para o setor intermédio.