José Mourinho pode ganhar, empatar ou perder mas raramente passa de forma indiferente onde quer que ande. E foi assim logo no início de 2022, com a Roma a deslocar-se a San Siro para defrontar o AC Milan. O encontro terminou com uma derrota que poderia até ter acabado em goleada nos instantes finais já quando a equipa estava reduzida nove elementos, o treinador voltou a criticar a arbitragem e atuação do VAR no lance em que sancionou uma alegada mão de Tammy Abraham na área mas aquilo que ficou na retina foi também o momento em que mandou calar os seus adeptos quando se faziam ouvir com cânticos racistas para o seu antigo jogador Zlatan Ibrahimovic. No final, meio do nada, o português fez uma revelação.

Mourinho voltou a Milão para ver Leão aparecer no melhor e Rui Patrício evitar o pior (a crónica do AC Milan-Roma)

“Quando vejo a reação de San Siro, que nem sequer apupou os adeptos da Roma, fico muito satisfeito por ter dito que não”, começou por referir de forma enigmática. “Há três anos, os donos do AC Milan queriam-me e pensei nisso durante três dias. Depois decidi que seria um não. Estou feliz por ter tomado essa decisão. Sou profissional mas há limites no futebol. Agora que sou apaixonado pela Roma, darei tudo por esta equipa. Voltando atrás, depois do que aconteceu, estou duplamente feliz com a decisão. Insistiram muito que reconsiderasse mas disse-lhes para irem para casa. Os adeptos têm o dever de defender os seus jogadores”, acrescentou, assumindo não só o convite dos rossoneri mas também uma das razões da recusa.

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Três golos em oito minutos, um penálti falhado e Mourinho à beira de um ataque de nervos (a crónica do Roma-Juventus)

Uns dias depois, mais concretamente este domingo, a Roma fez o primeiro jogo do ano no Olímpico frente à Juventus e as coisas até começaram da melhor forma, com um golo inaugural de Tammy Abraham no quarto de hora inicial e uma vantagem de 3-1 a 20 minutos do final. No entanto, o conjunto de Turim foi ainda a tempo de fazer a reviravolta com três golos em oito minutos, a que se seguiria ainda uma grande penalidade falhada por Pellegrini. Em sétimo, já a nove pontos dos lugares da Champions tendo mais um encontro disputado, José Mourinho visou os jogadores e aquilo que não fizeram na parte final da partida.

“Tivemos o controlo total durante 70 minutos. A equipa estava a jogar bem e estava realmente com mentalidade para adquirir o controlo. Começámos mesmo bem, a tomar a iniciativa. Foi tão bom durante 70 minutos mas depois aconteceu um colapso psicológico. O 3-2 matou-nos porque o Felix [Afena-Gyan] fez um jogo extraordinário, que acabou com um sprint diante do Cuadrado. Tirei-o e a sua substituição acabou por deitar tudo a perder”, começou por assumir o técnico português em declarações à DAZN.

“Quando lhes permitimos os 3-2, frente a uma equipa como a Juventus, com uma mentalidade e um caráter fortes, o medo instalou-se. Um complexo psicológico. O 3-2 não foi um problema para mim, foi para eles, para a minha equipa. No final do dia, quando estás na m****, tentas levantar-te e reencontrar-te. Mas neste balneário há algumas pessoas que são demasiado simpáticas e um bocado fracas. Já disse aos jogadores que se o jogo tivesse acabado ao minuto 70 teria sido um desempenho extraordinário. Mas infelizmente não acabou aí”, completou o treinador dos romanos na análise a nova derrota caseira.