A associação Humana recuperou em 2021 quase 11 milhões de peças de roupa, num total de 2.700 toneladas, o que representa 1,4% de todos os resíduos têxteis gerados em Portugal, informou esta quarta-feira a organização.
Ainda que as peças de roupa recuperadas para reutilização e reciclagem representem a não emissão de 16.470 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera, a Humana, em comunicado, considera preocupantes os números baixos de recolha seletiva de têxteis.
A Humana Portugal é uma associação sem fins lucrativos que desde 1998 promove a reutilização de têxteis, ao mesmo tempo que tem programas de cooperação para o desenvolvimento em países de África, como Moçambique ou Guiné-Bissau.
No comunicado a associação salienta que a recuperação em contentores de 2.700 toneladas de têxteis usados permite que essas roupas tenham uma segunda vida, e acrescenta que há ainda “um longo caminho de consciencialização“, porque em cada ano são geradas em Portugal 200.000 toneladas de resíduos têxteis, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
“São números preocupantes [de recolha], ainda mais quando a recolha seletiva tem um enorme potencial, já que 50% dos resíduos têxteis podem ser reaproveitados e mais de 35% podem ser reciclados”, diz, citada no comunicado, Sónia Almeida, responsável pela recolha têxtil em Portugal.
A associação frisa também que a reutilização de têxteis é fundamental para a economia circular e para a criação de empregos verdes.
Ao serem recuperados 11 milhões de peças de roupa gera-se um benefício ambiental e combatem-se as alterações climáticas, salienta a Humana no comunicado, explicando que, de acordo com um estudo da “Federação Humana People to People”, por cada quilo de roupa recuperada é evitada a emissão de 6,1 quilos de dióxido de carbono.
Ainda nas contas da associação, evitar a emissão de 16.470 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera é o equivalente ao que absorvem em cada ano 122.910 árvores. Ou às emissões anuais de 6.186 automóveis que circulam 15.000 quilómetros cada.
“A recolha seletiva de têxteis usados passará a ser obrigatória em 2025 em toda a União Europeia e a Humana pretende, ao lado dos municípios, juntas de freguesias e empresas, ampliar a sua rede de contentores, que atualmente é de 842, e aumentar a sua recolha, que hoje é insignificante frente ao que é descartado em Portugal”, diz também Sónia Almeida no comunicado.
A associação tem 10 lojas em Lisboa e cinco no Porto de venda de roupa usada e pretende incentivar a opção por esta compra, já que apenas 8% dos portugueses compram com frequência roupa em segunda mão, diz.
Em Portugal desde 1998, a Humana Portugal faz parte de uma federação internacional de associações idênticas.