Os resultados das últimas eleições legislativas obrigaram a alterações de fundo na Assembleia da República. Se as contas sobre o número de deputados de cada bancada e os próximos anos de maioria absoluta do PS ficaram feitas na noite eleitoral, a queda e o crescimento de partidos com assento parlamentar levou à necessidade de tratar questões mais práticas, desde logo uma remodelação na casa da democracia.

Bloco de Esquerda e PCP deixaram de ser as terceira e quarta maiores forças políticas no Parlamento e deram lugar a Chega e Iniciativa Liberal, enquanto o CDS perdeu todos os representantes e o PAN passou de um grupo parlamentar para um deputado único. As novas combinações de deputados levaram a reconfigurações, a trocas, diminuições de lugares e a ocupações de salas que deixaram de ter dono.

É o caso do CDS, que viu a sala que até agora pertenceu ao partido democrata-cristão tomada pelos 12 deputados eleitos pelo partido liderado por André Ventura. É quase troca por troca: o partido histórico perdeu todo o assento parlamentar (os cinco deputados eleitos em 2019) e o partido fundado em 2019 ficou com a sala para integrar os membros do Chega que vão fazer companhia ao líder, até aqui deputado único.

Outra das mudanças significativas inclui a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda: o partido liderado por Cotrim Figueiredo, agora com oito deputados na Assembleia da República, vai ficar com a sala grande que pertencia aos bloquistas. Os cinco deputados do BE vão manter o lugar que já tinham, mas viram o número de salas a diminuir e cederam uma destas aos liberais. Com a nova arrumação, bloquistas e liberais passam a ser vizinhos.

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A distribuição das novas salas do Parlamento passa a permitir uma premissa que, até agora, não estava assegurada: todos os grupos parlamentares têm lugar no piso principal do Palácio de São Bento, nos corredores circundam o hemiciclo. PS, PSD, PCP e BE já tinham espaço ali (tal como o CDS), porém o PAN nunca teve lugar nas vias principais do edifício. Só PAN e Livre não têm espaço neste piso.

Os comunistas mantêm exatamente o mesmo posto de trabalho na casa da democracia, sendo que com a redução de deputados (de 12 para seis) vão deixar salas vazias e essas serão ocupadas pelo PS. Há ainda salas do PAN que foram atribuídas a deputados socialistas.

O partido Pessoas–Animais–Natureza voltou ao ponto de partida, com um deputado único. Em 2019, o PAN elegeu quatro deputados (com Cristina Rodrigues a ter passado mais tarde para deputada não inscrita) e neste momento conta apenas com Inês Sousa Real no Parlamento. A deputada e a equipa que escolher vão ficar com a sala que pertencia à Iniciativa Liberal e que se situa num corredor onde, até então, estavam Joacine Katar Moreira, Cristina Rodrigues, Iniciativa Liberal e Chega.

Nesse mesmo corredor vai ficar o Livre, com Rui Tavares a ocupar as salas que pertenciam a Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues. E o Chega mantém as duas salas que já tinha, apesar de agora o trabalho ser centralizado no piso principal do Palácio de São Bento.