Apesar da medida significar abrir mão de uma das vantagens do construtor norte-americano de veículos eléctricos e, simultaneamente, poder ser contestada por muitos clientes da marca, por temerem terem os pontos de carga ocupados quando deles necessitarem, a verdade é que a Tesla prometeu abrir a sua rede de Superchargers ao público e é isso que está a acontecer. Primeiro começou para abrir a eléctricos da concorrência alguns supercarregadores nos Países Baixos, medida que, a partir de 31 de Janeiro, foi alargada a locais em França (20 estações) e Noruega (15).

A experiência de partilha dos Superchargers holandeses arrancou de forma gradual, limitada de início apenas a habitantes do país, para depois passar a aceitar os vizinhos da Alemanha, Bélgica, França e Noruega. Para que os carros a bateria de outras marcas pudessem utilizar a rede de postos de carga da Tesla, a marca teve de criar uma aplicação de smartphone para clientes “não Tesla”, para assim activar os pontos de carga.

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Já são três os países em que há estações de carga da Tesla abertas a marcas concorrentes, com a tendência para o alargamento ser total

A abertura a terceiros da rede de Superchargers permite à Tesla candidatar-se às ajudas que tanto os EUA como a União Europeia fornecem a quem ofereça uma rede de carga. E, neste capítulo, a marca de Elon Musk é de longe a mais atraente, pois já em Novembro de 2021 tinha anunciado possuir mais de 30.000 Superchargers em todo o mundo, valor que era de apenas 16.000 em Março de 2020. Por comparação, a rede da Ionity, que depois do investimento inicial dos grupos VW, BMW, Daimler, Hyundai/Kia e Ford, teve de recorrer aos fundos da BlackRock para continuar a investir, conta apenas com 1615 supercarregadores.

Além das mencionadas ajudas, a Tesla vai igualmente incrementar a facturação dos seus Superchargers, uma vez que os clientes externos à marca pagarão pela energia um preço superior. Nos Países Baixos, de acordo com a imprensa local, os condutores de carros de outras marcas pagam a 57 cêntimos o kWh, valor que sendo mais barato do que o que exige a Ionity, ainda assim é superior ao que é cobrado aos clientes da Tesla. Os clientes das marcas concorrentes podem optar, na antiga Holanda, por pagar uma mensalidade de 13€ e adquirir o kWh por somente 0,24€, com os preços a diferirem de país para país, consoante o preço da energia.

A Tesla tem ainda que resolver os problemas causados pelo diferente posicionamento das tomadas de carga nos veículos dos outros construtores, uma vez que nem todos se adaptam à disposição dos Superchargers e a dimensão dos cabos de carga. Isto já tem provocado situações em que um veículo de outra marca ocupa mais do que um ponto de carga. A aplicação para clientes “não Tesla” alerta para os cuidados a ter para não bloquear os pontos de carga vizinhos, informando também que essa conduta levará a um débito de penalização na conta do utilizador.

O construtor norte-americano anunciou que pretende triplicar o número de Superchargers nos próximos dois anos, o que significa atingir os 90.000 pontos de carga no final de 2024, o que contribuirá para reduzir a pressão causada pelo crescente número de clientes nas estações de carga da Tesla, evitando assim reacções negativas por parte dos actuais clientes.