Há algo mais importante do que destreza informática para vaguear na esfera oculta por detrás dos sites que visitamos todos os dias. Entrar na deep web não é a parte difícil do processo: as portas de entrada para a dark web, a camada mais superficial deste submundo da internet, costumam estar em fóruns tão comuns e navegáveis como o Reddit ou o Stack Overflow. Às vezes basta um link, outras vezes exige-se um pouco mais, desde a mera instalação de um software à aquisição de um dispositivo digital (VPN) que disfarça a localização do computador.

Mas o que é mesmo necessário para submergir na sociedade secreta da deep web é reputação. “Quanto mais fundo se chega, mais difícil se torna aceder”, explicou ao Observador o engenheiro Rui Aguiar, da Universidade de Lisboa. Não há limites para o que se pode encontrar na deep web e a venda de drogas ou armas não é sequer o crime mais grave que por lá se encontra: encomendam-se homicídios, licitam-se órgãos humanos, vendem-se conteúdos sexuais violentos contra crianças, assiste-se a torturas ao vivo e encontra-se informação sensível capaz de comprometer a segurança de países, conta o especialista.

Em troca basta ter os contactos certos para ter acesso a passwords que desbloqueiam o acesso — algo que pode acontecer pelas interações entre internautas com objetivos semelhantes, por exemplo. Noutras situações, solicitam-se pagamentos — algumas vezes em dinheiro vivo, mas cada vez mais através de criptomoedas, uma vez que os mecanismos para detetar as movimentações são ainda muito rudimentares. Mas, em casos mais extremos, é preciso dar provas de fidelidade. Crime em troca de crime, homicídio em troca de homicídio.

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