Depois das derrotas com Sporting e V. Setúbal, e tendo em conta o percurso invicto do FC Porto que ganhou o clássico diante dos leões, os encarnados tinham apenas um caminho possível na receção aos dragões – ou ganhar ou ganhar. Por várias razões: para manter as esperanças no Campeonato intactas (até porque não há fase de playoff), para quebrar a série de derrotas consecutivas com os azuis e brancos, para “vingar” o desaire na Supertaça, para virar também uma série negativa transversal a quase todas as modalidades. Tudo isso foi conseguido. E talvez no clássico que se previa que fosse mais desequilibrado, houve surpresa.

Começou mal, acabou por cima: FC Porto vence clássico com Benfica e está na final da Supertaça

“Vai ser uma partida complicada frente ao campeão da prova. Estamos preparados e a trabalhar para enfrentar este jogo. Espero que consigamos jogar bem e que os adeptos desfrutem. Peço aos benfiquistas que venham. Este é um jogo muito importante para nós, para o Benfica e espero que, uma vez mais, venham apoiar-nos. O que posso garantir é que vamos ser uma equipa que vai lutar e trabalhar muito para que se sintam orgulhosos”, tinha destacado o técnico dos encarnados, Chema Rodríguez.

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“Vai ser um jogo certamente difícil, um bom jogo. O Benfica voltou a investir bastante e tem um excelente plantel com jogadores de muita qualidade. Vencemos na Supertaça e a nossa ambição é voltarmos a vencer para atingirmos o nosso objetivo. O jogo da Supertaça foi no início da época, tanto o Benfica como nós estamos mais entrosados, por isso vai ser um jogo diferente. Mês cheio? Já estamos física e taticamente preparados para todos os jogos. Temos consciência que o nosso calendário é diferente do calendário das outras equipas a nível nacional mas também é por isso que somos os campeões nacionais e estamos na Liga dos Campeões”, tinha deixado na antevisão o experiente central Pedro Cruz, reforço para esta época.

No final, houve mesmo surpresa. Naquela que foi uma das melhores segundas partes do Benfica nos últimos tempos (e uma das piores do FC Porto), a surpresa surgiu mesmo. Após a derrota com os encarnados em maio de 2019 na fase final da Liga, os azuis e branco somaram ainda dois triunfos, conseguiram 27 vitórias e um empate (Sporting em casa) entre Campeonato, Taça e Supertaça em 2019/20, fizeram o pleno de 35 triunfos entre Campeonato e Taça em 2020/21 e levavam agora mais 19 vitórias entre Campeonato, Taça e Supertaça. 84 jogos depois, os dragões voltaram a perder numa prova nacional (36-33). E o Campeonato volta a estar completamente em aberto até ao final, tendo em conta as curtas distâncias entre os “grandes”.

Os encarnados entraram melhor no encontro, conseguindo uma vantagem inicial de dois golos (4-2) e mais tarde de três golos (7-4) frente a um FC Porto que defendia mal e não estava propriamente nos melhores dias em termos ofensivos. Com o passar dos minutos os papéis foram-se invertendo, também com Sebastian Frandsen a aparecer melhor na baliza dos azuis e brancos, e depois de ter passado para a frente do marcador aos 18′ houve também uma vantagem de três golos para os visitantes mais tarde (12-9), levando à paragem de jogo de Chema Rodríguez que resultou em pleno num parcial de 3-0 a seguir a um de 5-0 dos dragões que voltou a nivelar por completo a partida para o 15-14 que se registava ao intervalo na Luz para os azuis e brancos, entre os cinco golos de Lazar Kukic e os quatro de Victor Iturriza, os melhores marcadores.

No segundo tempo, tudo mudou. E a história do encontro foi radicalmente oposta, ao ponto de os visitados terem vantagens “anormais” de seis golos diante de um crónico vencedor de todas as provas nacionais. Os dois guarda-redes Sergey Hernandez e Gustavo Capdeville estiveram em destaque, Rogério Ferreira juntou ao grande jogo defensivo os golos (seis), Belone apareceu com Kukic a fazer a diferença de primeira linha e o máximo que os azuis e brancos conseguiram foi reduzir uma desvantagem que acabou nos três golos (36-33) mas que não reflete a completa superioridade dos encanados ao longo dos últimos 30 minutos.