Fim de uma era. Fecho de um ciclo. Terminar de uma década. As expressões mudavam mas a ideia era a mesma: a atual temporada, que assinalou os dez anos da chegada de Diego Simeone ao comando da equipa do Atl. Madrid, está a ser demasiada má para ser verdade num momento de afirmação em que os colchoneros tentavam revalidar o título na Liga e sonhavam ir longe na Liga dos Campeões, tendo para isso juntado a um ataque que já metia respeito o regresso Antoine Griezmann. E entre vários tropeções ao longo da época, a recente derrota no Wanda Metropolitano frente ao último classificado Levante tinha sido uma espécie de última gota numa crise ainda disfarçada com uns golos nos descontos mas que era demasiado evidente.

“Estamos num cenário diferente do que imaginámos no início da temporada. Somos os atuais campeões e reforçámos o plantel com jogadores de grande nível mas a situação mudou e temos de encarar a realidade. O nosso objetivo passa por garantir um lugar nos quatro primeiros e amanhã [sábado] começa uma nova liga para nós. Uma Liga de 14 jogos em apenas 12 semanas e não podemos perder tempo com lamentações, temos de concentrar-nos em dar a volta a este mau momento. A primeira oportunidade será contra o Osasuna. Confio totalmente no plantel e nesta equipa técnica, juntos vamos conseguir dar a volta”, destacou Miguel Ángel Marín, CEO do Atl. Madrid, numa carta aberta enviada a todos os associados do clube.

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O desmoronar de todas as ambições internas na Liga está datada e começou em dezembro. Até aí, o Atl. Madrid só tinha perdido uma vez e continuava encostado ao rival Real nos lugares cimeiros enquanto o outro candidato ao título, o Barcelona, se debatia com problemas internos. Depois, e a partir daí, o descalabro: em dez partidas, os colchoneros tinham perdido seis, empataram uma e das três vitórias conseguidas duas chegaram em reviravoltas nos descontos (Valencia e Getafe). A revalidação do troféu passou a ser uma não questão mas havia ainda o problema em torno de Simeone e da capacidade de poder levantar a equipa.

“Crise de resultados? Eu e a Direção reunimos uma ou duas vezes por mês e falamos de todas as situações boas, más, difíceis e espetaculares que vão acontecendo ao longo da temporada. É um momento onde o clube tenta ganhar força na sequência do que estamos a atravessar, que é um mau momento. Mas temos de andar em frente. Como? Estando juntos. Tenho a oportunidade de estar num clube onde gosto de estar, onde quero estar e olhando para o futuro, estou a tentar resolver as coisas do presente. Não precisamos de falar para o exterior, precisamos de falar para dentro e ser claros quanto ao nosso destino. Acredito absolutamente nos jogadores”, comentava o técnico argentino antes da deslocação a Pamplona para defrontar o Osasuna antes da importante receção para a Liga dos Campeões ao Manchester United no Wanda Metroplitano.

E as alterações para o jogo eram várias, mantendo a mesma linha defensiva à exceção da entrada do lateral Vrsaljko para a direita com Koke no meio-campo à frente mas apostando em caras novas no ataque como Yannick Carrasco, Luis Suárez e João Félix, internacional português que voltava às opções iniciais três jogos depois tendo pelo meio uma boa entrada contra o Getafe onde fez a assistência para o 4-3 de Giménez em período de descontos. E no jogo 100 pelo clube até conseguiu marcar. No entanto, ainda não chega. E se é verdade que hoje o português voltou a ser feliz em campo, o problema é ser uma exceção à regra.

“Quero ganhar a Liga dos Campeões, ganhar um Mundial ou um Europeu com Portugal e, claro, ganhar a Bola de Ouro. Mas para chegar lá tenho que melhorar, trabalhar com inteligência, cuidar de mim, cuidar do meu corpo, cuidar da minha mente e estar totalmente focado em mim”, tinha referido o jogador de 22 anos numa entrevista recente ao The Athletic. E sonhar é tudo menos impossível. Problema? A terceira época do Atl. Madrid está a confirmar que a forma de jogar da equipa em nada beneficia as suas características de jogo individuais e nem os golos que vai marcando soltam das amarras que parece ter nos últimos tempos.

A partida começou com os colchoneros a tentarem desde cedo montarem o cerco à baliza do conjunto de Pamplona, a ganhar lançamentos e a fazer aproximações à área contrária, e foi na sequência de um canto que nasceu cedo o primeiro golo do jogo com Sergio Herrera a desviar mal com os punhos a bola ao primeiro poste perante a pressão de Luis Suárez e João Félix a fuzilar de primeira para o 1-0 (3′). Melhor início seria complicado mas o Osasuna não demorou a reagir, a ter boas aproximações, a criar oportunidades e a acertar mesmo no poste por Budimir após um canto (34′), chegando ao intervalo em desvantagem mas a ser melhor do que um Atl. Madrid que se desligou do ataque e deixou Félix e Suárez muito sozinhos na frente.

A segunda parte voltou a começar com o Atl. Madrid mais preocupado em defender bem do que em arriscar em chegar ao segundo golo que pudesse acabar de vez com as contas mas foi num canto favorável à equipa da casa que nasceu o fabuloso momento do 2-0 que deixou Diego Simeone de mãos na cabeça: João Félix assistiu Luis Suárez ainda da sua área e o uruguaio arriscou o chapéu a mais de 40 metros da baliza vendo o adiantamento de Herrera para um golo fabuloso que desequilibrava de vez a partida (59′). O Osasuna não mais conseguiu reagir e seriam os visitantes a chegarem ainda ao terceiro golo por Correa (89′).