O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu este domingo que, se a Rússia não toma medidas para aliviar a tensão em torno da Ucrânia, o Ocidente não pode estender indefinidamente “um ramo de oliveira” a Moscovo.
“A grande questão permanece: o Kremlin quer o diálogo?”, questionou Michel durante a Conferência de Segurança de Munique, que este domingo termina.
“Não podemos oferecer eternamente um ramo de oliveira enquanto a Rússia faz testes de mísseis e continua a reunir tropas” na fronteira ucraniana”, alertou.
Michel ameaçou ainda Moscovo com “sanções maciças” em caso de ações militares contra a Ucrânia, alertando que essas medidas teriam um impacto “severo”.
Admitindo que essas sanções teriam também um custo para a União Europeia, o responsável europeu rejeitou adotá-las preventivamente, como reclamou no sábado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Queremos usar todas as ferramentas a nível diplomático, esgotar todas as opções”, afirmou.
O presidente do Conselho Europeu expressou novamente a solidariedade do bloco com a Ucrânia e lembrou que já foram mobilizados 1.200 milhões de euros para contribuir para a estabilização económica do país e que propôs organizar uma conferência internacional de doadores com o mesmo fim.
Michel recordou que a UE está coordenada com os Estados Unidos e com os parceiros na NATO, que considerou a “coluna vertebral” da defesa europeia.
E descreveu a situação como um “paradoxo”, já que o objetivo do Kremlin era “debilitar e dividir”, mas o resultado foi “exatamente o contrário”, com as ações russas a cimentarem a união dos aliados.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.