A Ucrânia continua a considerar as regiões de Donetsk e Lugansk, incluindo as áreas controladas por separatistas pró-Rússia, parte de seu território, afirmou esta segunda-feira o secretário do Conselho de Defesa e Segurança Nacional, Oleksii Danilov.

Em conferência de imprensa, Oleksii Danilov salientou que Kiev continuará a cumprir “as suas obrigações” com “todos os habitantes” de Donbass após o reconhecimento da independência das autoproclamadas repúblicas separatistas pelo presidente russo Vladimir Putin.

As declarações acontecem após o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter reconhecido esta segunda-feira a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e instado o parlamento a assinar os tratados que permitirão o apoio militar de Moscovo a estas autoproclamadas repúblicas.

“Considero necessário tomar esta decisão que estava pensada há muito tempo, de reconhecer imediatamente a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk“, referiu o chefe de Estado russo num discurso transmitido pela televisão estatal, depois do Kremlin ter divulgado esta intenção.

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Putin pediu também ao parlamento russo para “aprovar esta decisão” para, em seguida, “ratificar os acordos de amizade e de ajuda mútua a estas repúblicas”, o que permitirá a Moscovo, por exemplo, enviar apoio militar aos dois territórios pró-russos do Donbass ucraniano.

Após o longo discurso televisivo, Vladimir Putin assinou o decreto com o reconhecimento e os tratados de amizade e assistência mútua com os líderes de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pásechnik.

Segundo Putin, a decisão foi tomada depois de receber esta segunda-feira um pedido [de reconhecimento] por parte de ambos os líderes separatistas pró-Rússia e depois da Duma [câmara baixa do parlamento russo] ter enviado uma resolução com um pedido de reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk.

O chefe de Estado russo referiu ainda que a situação no Donbass ucraniano, onde decorre um conflito há oito anos que já provocou mais de 14 mil mortes, é “critica e séria”.

“Enfatizo mais uma vez que a Ucrânia para nós não é apenas um país vizinho. É parte integrante da nossa própria história, cultura, espaço espiritual. São nossos camaradas, parentes, entre os quais não somos apenas colegas, amigos, ex-colegas, mas também parentes, pessoas ligadas a nós por laços de sangue, parentes“, insistiu Putin.

Ainda durante discurso televisivo, que durou 65 minutos, o Presidente russo pediu à Ucrânia para cessar imediatamente as “suas operações militares” contra os separatistas pró-Rússia. Após o reconhecimento como territórios independentes, o Presidente da Rússia ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.

A posição de Moscovo sobre estas repúblicas interrompe o processo de paz resultante dos acordos de Minsk de 2015, assinados pela Rússia e pela Ucrânia, sob mediação franco-alemã, já que estes visavam, precisamente, um regresso dos territórios à soberania ucraniana.

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A decisão de Putin também abre caminho a um pedido de assistência militar à Rússia por parte desses territórios, conduzindo a uma justificação para a entrada de forças russas nessas regiões, dando razão aos países ocidentais que acusam Moscovo de estar a preparar uma invasão da Ucrânia, junto a cujas fronteiras já posicionaram mais de 150.000 soldados.

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O Presidente norte-americano, Joe Biden, após o anúncio de Moscovo, anunciou que vai emitir “em breve” uma ordem executiva com sanções devido ao reconhecimento pela Rússia das repúblicas separatistas da região ucraniana de Donbass, na Ucrânia.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, indicou em comunicado que a ordem executiva presidencial vai proibir novos investimentos, comércio e financiamento dos Estados Unidos para, de ou nos territórios separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.