Duas mulheres estão a processar o Hospital Regional de Duncan, em Oklahoma (Estados Unidos), após um teste de ADN revelar que foram trocadas na maternidade. Tinna Ennis e Jill Lopez, então bebés, foram inconscientemente levadas para casa pelos pais uma da outra em 1964. A ação judicial, também movida por Kathryn Jones (que deu à luz Lopez, mas criou Ennis) alega irresponsabilidade e imposição negligente de sofrimento emocional, de acordo com o Daily Beast, que deu a conhecer a história.
Como descobriram? Em 2019, Ennis e a filha (agora com 26 anos) decidiram fazer um teste de ADN do site Ancestry.com na esperança de localizar o avô materno. Os resultados mostraram uma árvore genealógica com um número esmagador de familiares com o sobrenome Brister e o par não conhecia sequer alguém com esse apelido.
Aí, Kathryn decidiu também realizar o teste e o desfecho foi ainda mais intrigante: não havia nenhuma ligação com a filha nem com a neta. “Sabe, encontra-se algumas coisas interessantes no Ancestry”, respondeu um assistente da plataforma, quando a filha de Ennis ligou à linha de apoio a relatar a confusão que, julgava a própria, se resumia a não ter pagado a mensalidade.
Unindo as coincidências e através das redes sociais, a jovem de 26 anos encontrou Jill Lopez, residente de Lawton (Oklahoma), e criada pelos falecidos Joyce e John Brister. Ennis enviou-lhe uma mensagem via Facebook, uma atitude “de loucura”, caraterizou a própria. Contra o expectável, Lopez concordou em fazer o teste. Dito e feito, as suspeitas foram confirmadas: Lopez é filha biológica de Kathryn.
“O meu coração simplesmente afundou [naquele momento]”, recorda. Ennis sentiu necessidade de “colocar as emoções em ordem”, dado o grau de insólito da situação: “É do género, tu tiveste uma mãe e eu tive uma mãe, e agora eu tenho uma mãe diferente”.
Nem Kathryn, inicialmente, queria acreditar na notícia. Todavia, quando viu uma foto de Lopez, o primeiro pensamento não deixou mais margens para dúvidas: “Onde é que eu estava quando isto [a foto] foi tirada?” e “não me lembro dessas roupas”, contou ao mesmo jornal. Porquê? As semelhanças eram abismais. “Senti [com esta descoberta] que estava a perder a minha filha e os meus netos”, prossegue.
E Ennis enfrenta ainda outra dor: os pais biológicos morreram há anos, antes de ela ter hipótese de os conhecer. É, por isso, incontornável não sentir ciúmes: “Jill pôde estar com os meus pais verdadeiros, e agora ela está com os pais com os quais eu cresci”, justificou, lamentando que quanto mais pensa no assunto, mais fica “triste”.
O hospital negou as acusações, alegando que a instalação onde as duas mulheres nasceram já não existe, pois foi incorporada num outro sistema hospitalar, em 1975. Além disso, os médicos envolvidos nos nascimentos de Ennis e Lopez já morreram. No mês passado, o hospital pediu o arquivamento do processo devido à mudança de entidade, mas um juiz não autorizou. Contactado pelo Daily Beast, um advogado da instituição não quis fazer comentários.