É a baixa mais pesada que se conhece até agora na invasão da Ucrânia. E a vítima mais sénior do exército russo. O experiente major-general Andrei Sukhovetsky, general que comandava a 7.ª Divisão Aérea, foi morto em combate na Ucrânia no início desta semana, durante um ataque no contexto da invasão russa.
A morte de Sukhotetsky, que está a ter um impacto considerável na imprensa internacional — impacto que se estenderá ao ânimo das tropas russas — foi confirmada à agência norte-americana AssociatedPress (AP) por uma organização de oficiais locais na região de Krasnodar, no sul da Rússia, mas sem especificar as circunstâncias da morte do major-general.
Entretanto, colegas do major-general e até Vladimir Putin, num discurso feito esta quinta-feira, confirmaram a notícia. Na rede social VKontakte, cita o site de notícias russo Pravda.ru — que continua a referir-se à guerra na Ucrânia como, nas palavras de Vladimir Putin, uma “operação militar especial” — um veterano, Sergey Chipilev, também lamentou a baixa do lado russo.
“Com grande dor, soubemos da notícia trágica da morte do nosso amigo, o major-general, no território da Ucrânia durante a operação especial. Transmitimos as nossas profundas condolências à sua família”.
Segundo o The Independent, que cita uma fonte militar, Sukhovetsky foi morto por um sniper, num ataque que está a ser interpretado como um mau sinal para os planos de Putin e uma fonte de desmotivação para o exército russo. Isso mesmo defendeu, no Twitter, Christo Grozev, diretor-executivo do site de jornalismo de investigação Bellingcat, com sede na Holanda.
! Ukrainian armed forces announced that they have killed maj. gen. Andrey Sukhovetskiy, a Spetsnaz commander and deputy chief of the 41 Army in Novosibirsk. This appears confirmed by a spokesperson of the Russian Paratroopers Union. If confirmed, major demotivator for RU.
— Christo Grozev (@christogrozev) March 3, 2022
Ao longo do dia foram-se conhecendo mais detalhes da preenchida carreira de Sukhovetsky, que morreu com 47 anos. O major começou o serviço militar como comandante de pelotão depois de se formar numa academia militar da Força Aérea e progrediu nas fileiras para assumir uma série de posições de liderança ao longo dos últimos anos, também na Força Aérea.
Participou, inclusivamente, na campanha militar russa na Síria, e era comandante adjunto do 41.º Exército Combinado de Armas.
Na quarta-feira, o ministério russo da Defesa adiantou que já se teriam registado 498 baixas no exército russo desde o início da invasão, com mais de 1.500 feridos. Mas os números não serão fiáveis: no mesmo dia, a Ucrânia adiantava que já se contariam mais de sete mil mortes entre os russos.
Neste momento, é assim difícil de comprovar qual dos dois lados tem razão, se algum a tiver, até porque os números de mortos e feridos podem servir como arma de (des)informação e propaganda durante a guerra.
Os números oficiais da ONU, que serão mais fiáveis mas também, dadas as dificuldades em confirmar a evolução da guerra no terreno, mais baixos, dão conta de pelo menos 227 civis mortos e 525 feridos. Já os serviços de emergência ucranianos apontam para a morte de mais de dois mil civis.
Quanto à morte do major-general russo, uma cerimónia fúnebre vai ser realizada na cidade russa de Novorossisk, junto ao mar Negro, mas não foram fornecidos mais detalhes.