Detido no passado domingo, 27 de fevereiro, na cidade polaca Rzeszów, onde documentava a saída em massa dos milhares de ucranianos em direção àquele país, o jornalista basco Pablo González está em prisão preventiva, acusado de espionagem. Ao serviço de vários meios de comunicação social, incluindo o espanhol Público, o repórter esteve quatro dias incomunicável, tendo inclusivamente sido sujeito a interrogatórios judiciais sem a presença de um advogado.

A denúncia é do advogado Gonzalo Boye que, ao fim destes quatro dias, veio esclarecer que o basco nascido na Rússia está acusado do crime de espionagem nos termos do artigo 130º do Código Penal da Polónia.

Em defesa do jornalista que diz ter sido “preso por fazer o seu trabalho”, o advogado exige “que a sua integridade física e libertação imediata sejam garantidas” argumentando que “sem liberdade de imprensa não existe democracia”.

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Entretanto, várias organizações internacionais juntaram-se ao protesto, entre elas o Instituto Internacional de Imprensa, a Plataforma para a Liberdade de Informação, os Repórteres Sem Fronteiras, a Federação Internacional de Jornalistas, a Associação de Imprensa de Madrid, o próprio Sindicato dos Jornalistas de Madrid e o Colégio Basco de Jornalistas.

Em coro, estas organizações exigem a libertação imediata do repórter que o Público apresenta como um “especialista no mundo pós-soviético e estudante de doutoramento na Universidade do País Basco”, em Bilbau.

Pelo menos desde o início de fevereiro a reportar as tensões vividas na região do Donbass — onde o conflito entre ucranianos e separatistas russos decorre desde 2014 — González foi detido várias vezes pelas forças de segurança ucranianas e obrigado a abandonar o país, antes de cair nas mãos dos serviços de inteligência polacos, acusado de ser “pró-russo”. O jornal para onde escrevia, deu conta que, na altura em que o jornalista recorreu à Embaixada de Espanha em Kiev, a família foi visitada pelos agentes dos serviços secretos espanhóis.

Expulso das fronteiras ucranianas, Pablo González decidiu viajar para a capital da Polónia no dia 24 de fevereiro, quando o mundo acordou com a entrada das tropas russas naquela país. Até ser detido e acusado de espionagem, o basco esteve a cobrir a crise migratória. “Tenho de voltar à Polónia para ganhar o meu pão”, explicou na altura.