Donald Trump sugeriu num discurso este fim de semana que os Estados Unidos bombardeassem a Rússia com recurso a caças F-22 com a bandeira da China no lugar da norte-americana. A anedota — pelo menos a ideia foi recebida com risos do público — foi partilhada depois de o ex-presidente dos Estados Unidos ter apelidado Vladimir Putin de “genial” e “astuto”.
Eis o plano que Trump apresentou em Nova Orleães no sábado à noite, noticiado pelo The Washington Post: cobrir a bandeira dos Estados Unidos pintada nos caças norte-americanos com a bandeira da China, “bombardear intensamente a Rússia” (“bomb the shit out of Russia”, no original) e depois dizer que os autores dos ataques foram os chineses.
O ex-presidente dos Estados Unidos até propôs como o país podia responder se fosse confrontado pela Rússia sobre se era ou não o responsável pelos bombardeamentos: “Dizemos: ‘A China é que o fez, não fomos nós, foi a China’. E depois eles começam a lutar uns com os outros e nós recostamo-nos a ver”. Assim, Vladimir Putin desviava as atenções da Ucrânia para a agressão supostamente chinesa.
Haveria pelo menos dois problemas com uma estratégia militar desta natureza. O primeiro é que os Lockheed Martin F-22 Raptor são originalmente norte-americanos e nenhum deles está nas mãos dos chineses, que têm os seus próprios caças de quinta geração, os J-20.
O segundo é que viola as leis bélicas internacionais, tal como esclareceu a especialista Laurie R. Blank ao The Washington Post: “Usar a bandeira de um Estado neutro ou de qualquer Estado que não seja parte do conflito é proibido“, resumiu a perita em lei internacional.
“Esta ideia colocaria os Estados Unidos no conflito, porque estaria a envolver-se em operações militares contra a Rússia, e faria parte da violação da regra que proíbe o uso de bandeiras, emblemas e insígnias de Estados neutrais ou Estados que não fazem parte do conflito”, transmitiu Laurie R. Blank. Isso mesmo está expresso no artigo número 36 num protocolo adicionado à Convenção de Genebra de 1949.