O Supremo Tribunal dos Estados Unidos recusou o recurso para rever o caso de agressão sexual de Bill Cosby, mantendo o ator em liberdade e encerrando o polémico processo judicial, foi divulgado esta terça-feira.
Em junho, o Supremo Tribunal do Estado norte-americano da Pensilvânia tinha anulado a condenação de Bill Cosby por agressão sexual e libertou-o, por considerar que o procurador do caso estava vinculado pelo acordo do seu antecessor de não acusar o ator.
Cosby, de 83 anos, cumpriu mais de dois anos de uma pena de entre três e dez anos a que foi condenado, depois de ter sido considerado culpado de drogar e violar em 2004, na sua casa dos arredores de Filadélfia, a administradora para o desporto da Universidade de Temple, Andrea Constand.
Em reação à decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, que foi divulgada discretamente e não foi acompanhada de qualquer comentário, o porta-voz de Cosby expressou “sincera gratidão aos juízes” em nome do ator e da sua família.
“Esta é realmente uma vitória para Cosby, mas mostra que ludibriar nunca o levará longe na vida”, atirou o porta-voz, Andrew Wyatt, em comunicado, numa referência aos funcionários do tribunal de Filadélfia, como já tinha feito nos julgamentos anteriores.
Cosby, de 84 anos, contínua de boa saúde, segundo Wyatt, apesar de estar legalmente cego.
“Muitas pessoas estão a pedir projetos com ele” e Cosby está a considerar uma digressão final, acrescentou.
Já Andrea Constand e os seus advogados, consideraram, através de um comunicado, a decisão “um resultado infeliz para todos, especialmente para os sobreviventes de agressão sexual”.
Com a carreira em Hollywood e a imagem de boa pessoa destruídas, o criador e herói do “Cosby Show” foi a primeira celebridade da era #MeToo a ser julgada e enviada para a prisão.
O comediante foi detido em 2015, quando um procurador distrital armado de provas recentemente disponibilizadas — o seu depoimento incriminatório num processo judicial movido por Constand — apresentou acusação contra ele, dias antes de o prazo de prescrição de 12 anos expirar.
Mas a mais alta instância judicial da Pensilvânia deliberou em junho que o procurador, Kevin Steele, que tomou a decisão de deter Cosby, estava obrigado a cumprir o compromisso assumido pelo seu antecessor de não acusar o ator, embora não haja provas de esse compromisso ter sido posto por escrito.
O juiz David Wecht sustentou, falando em nome de um tribunal dividido, que Cosby confiou na decisão do anterior procurador de que não iria acusá-lo quando fez o seu depoimento potencialmente incriminatório no processo civil de Constand.
Um ator afro-norte-americano inovador que cresceu num bairro social de Filadélfia, Bill Cosby fez uma fortuna estimada em 400 milhões de dólares ao longo dos seus 50 anos na indústria do entretenimento.
O tipo de comédia que se tornou a sua imagem de marca deu origem a programas de televisão populares, livros e números de “standup comedy”.
O ator caiu em desgraça nos últimos anos, quando dava palestras à comunidade negra sobre valores familiares, mas estava a tentar fazer um regresso quando foi detido.