É uma versão alternativa dos factos. A Rússia indicou esta quinta-feira que o ataque ao hospital pediátrico de Mariupol, do qual resultaram três mortos e dezenas de feridos, foi uma “provocação encenada” da Ucrânia. A explicação das autoridades do Kremlin veio através de uma publicação no Twitter da embaixada russa no Reino Unido (que já entretanto foi apagada pela rede social), que implica uma blogger de moda e “maquilhagem realista”.

O porta-voz dos Negócios Estrangeiros russo, Igor Konashenkov, negou a responsabilidade russa no ataque, garantindo que a “aviação do país não leva a cabo missões que possam atingir civis”, acrescentando, citado pelo The Guardian, que o “ataque aéreo foi uma provocação encenada para manter a onda anti-russa para a audiência do Ocidente”.

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Nas redes sociais, contas ligadas ao Kremlin espalharam informações que ecoam as declarações de Igor Konashenkov. Uma delas passa por uma influencer de moda, Marianna Podgurskaya, que — dizem os russos — terá “desempenhado o papel de grávida” para dar cobro à encenação ucraniana. Esta fotografia terá sido tirada, de acordo com a embaixada russa no Reino Unido, pela “famosa propagandista” Evgeniy Maloletka.

A identificação da jovem foi oficialmente confirmada esta quinta-feira, após várias fotografias nas redes sociais em que Marianna Podgurskaya exibia a barriga de grávida, tendo dado a notícia da sua gravidez a 25 de janeiro (muito antes da invasão russa à Ucrânia). Esta sexta-feira, a blogger de moda deu à luz uma menina de nome Veronika, noticia o The Telegraph.

Quem divulgou o nome da jovem foi a embaixada russa no Reino Unido. A publicação inicial foi entretanto removida pelo Twitter, por “violar as regras” da rede social.

Confrontada com uma fotografia da jovem ferida, a embaixada russa no Reino Unido prosseguiu com a sua versão dos factos no Twitter — sendo que esta publicação também foi apagada. “Ela usa maquilhagem muito realista”, afirma o órgão diplomático, acrescentando que a jovem não podia “estar na maternidade” na altura do ataque, porque “tinha sido levada pelo batalhão neonazi Azov, que tinha dito aos funcionários para limpar o local”.

Apesar de a Rússia agora negar que levou a cabo o ataque à maternidade, a porta-voz dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, não o desmentiu na quarta-feira, culpando os “batalhões de nacionalistas” ucranianos de ocuparem o local para fins militares.

A responsável alegou, de acordo com a Agence France-Presse, que as forças armadas ucranianas usavam a maternidade para se posicionarem de forma a abrir fogo contra o exército russo, tendo sido deslocado pacientes e profissionais de saúde para o efeito.

Na mesma linha, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo não descartou que a Rússia tenha levado a cabo o ataque, dizendo que o hospital tinha sido capturado pelos “radicais” de extrema-direita.

Notícia atualizada às 17h48