O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, voltou esta segunda-feira a apelar à comunidade internacional: “Parem de comprar petróleo, gás e carvão russos”.

Numa conferência de imprensa online, transmitida pela Sky News, Kuleba apelou também às empresas internacionais que recusem “transportar carga com destino à federação russa”.

“Os negócios internacionais devem deixar a Rússia por motivos morais e de negócios. Primeiro, trabalhar na Rússia causa danos de reputação, ninguém quer estar associado a um criminoso de guerra. Em segundo lugar, a economia russa está a aproximar-se de uma catástrofe”, afirmou, dizendo que o governo russo está já a “ameaçar com nacionalizações”.

“Três semanas de guerra e podemos ver que o Putin já arruinou a reputação da Rússia, como parceiro de negócios”, afirmou.

Kuleba garante que 209 empresas internacionais já deixaram a Rússia, em consequência da guerra, mas diz que muitas outras continuam a operar no país, deixando um apelo a um boicote destes negócios.

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O ministro ucraniano apresentou uma longa lista de marcas, incluindo Auchan, Pirelli, hotéis Intercontinental, Oriflame, Philip Morris, Kelloggs, Bayer, City Group, entre outras. “Os consumires devem boicotar essas empresas enquanto continuarem a trabalhar na Rússia”, afirmou.

Entretanto, a empresa de tabaco suíça e norte-americana Philip Morris já anunciou que vai “suspender os investimentos que tinha planeado” na Rússia, incluindo “o lançamento de novos produtos”, e vai também diminuir gradualmente a produção no país. No mesmo sentido, a farmacêutica alemã Bayer decidiu suspender todos os seus investimentos e ações publicitárias na Rússia.

Em termos de sanções, Kuleba voltou a pedir que o banco russo Sberbank seja retirado do sistema global SWIFT, e focou depois as atenções na Alemanha. “A Alemanha teve um papel importante a fixar as primeiras sanções da UE e a parar o Nord Stream 2, estamos agradecidos. Mas a guerra continua e temos de infligir novos golpes dolorosos à Rússia, já que a Rússia está a infligir novos golpes à Ucrânia”, afirmou.

“A UE e a Alemanha, em particular, não devem parar”, frisou, pedindo que a Alemanha deixe de importar energia da Rússia. Kuleba diz compreender que Berlim tem uma elevada dependência energética da Rússia, mas afirmou que “soluções podem ser encontradas se houver vontade política”.

Em termos de apoio militar, o ministro dos Negócios Estrangeiros pediu aos países aliados da NATO que enviem “caças e aviões de ataque necessários” para a Ucrânia, “para equilibrar a situação militar nos céus”. “A maioria das baixas que sofremos são resultado de bombardeamentos das nossas cidades a partir do ar”, justificou.

“Precisamos de fortalecer significativamente a nossa força aérea”, sublinhou Dmytro Kuleba, pedindo ainda aos aliados que enviem armas soviéticas, já que são equipamentos deste tipo que o exército ucraniano está a utilizar.

Nesta vídeo-conferência de imprensa, o governante ucraniano comentou ainda a morte do jornalista norte-americano Brent Renaud, afirmando que “foi morto deliberadamente” pelas forças russas.

“Acreditamos que este jornalista, que estava a usar um capacete com a palavra “Imprensa” escrita, foi morto deliberadamente. É outro ato bárbaro do exército russo no território da Ucrânia, e os que o cometeram devem ser responsabilizados”, disse Kuleba.

O repórter de imagem morreu depois de tropas russas terem atingido a tiro o veículo onde seguia, na zona de Irpin.

Notícia atualizada a 15 de março, às 11:00