Cinco jovens que se apresentaram como militares russos dizem que foram enviados ao engano para a invasão à Ucrânia, pediram desculpa ao país e apelidaram Vladimir Putin de “mentiroso”. As declarações foram prestadas numa conferência de imprensa a uma televisão ucraniana, a Ukrinform, na última segunda-feira.

Os cinco alegados recrutas, que se confessaram envergonhados, dizem que só querem voltar para casa e não apoiam a violência na guerra na Ucrânia. Apresentaram-se como sendo Alexander Morozov, de 22 anos; Mykola Polshchikov, de 21 anos; Andriy Savin e Niyaz Akhunov, ambos com 20 anos; e Andrei Pozdeyev, com 19.

Alexander Morozov disse que as tropas não sabiam que estavam a participar na invasão de um país soberano: a versão que o regime de Putin lhe terá transmitido é que tudo não passaria de um exercício militar na própria Rússia. Já Andriy Savin terá sido informado de que iria à Ucrânia numa missão de combate para invadir Kiev, mas para “libertar a população civil da Ucrânia dos chamados Bandera e neonazis”.

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A Andrei Pozdeyev também terão garantido que as forças russas não iriam invadir a Ucrânia, embora fossem esses os rumores que já circulavam entre os companheiros de tropa. Na esperança de ser ouvido por outros soldados russos, declarou: “Para quem não entendeu, estás no território da Ucrânia. E todas as declarações de Vladimir Putin de que não há recrutas na sua operação militar são mentira“.

Os cinco jovens dizem ter invadido a Ucrânia pela cidade Romny, mas terão sido capturados na cidade de Sumy, depois de vários dias a consumir alimentos fora de validade. Andriy Savin pediu aos russos que não deixem os filhos lutar na Ucrânia porque “estão a acontecer coisas terríveis das quais não são informados”.

“Fomos alvejados, fui ferido e vi muitas pessoas mortas, muitas feridas” pelos soldados ucranianos que estavam “a tentar proteger o seu país”, descreveu o recruta de 21 anos na conferência de imprensa. “Invadimos a casa deles como fascistas, sem saber o propósito e as nossas tarefas“, continuou Andriy Savin.

Citado pela Ukrinform, Alexander Morozov e os companheiros esperavam ser “espancados, humilhados, deixados sem comida ou água” pela resistência ucraniana. Mas aconteceu o oposto, afirmou o militar: “Deram-nos de comer e beber, deram-nos um lugar para dormir, estávamos vestidos com roupas quentes“.

“Os ucranianos são um povo forte, lutam como feras. Os aviões deles despedaçam as nossas colunas. Do nosso lado, há muitas perdas de técnicos, sargentos, oficiais, soldados. E queremos parar com isso”, alegou o jovem nascido em 2000, natural de Moscovo. Também Andriy Savin declarou que os aviões russos “estão a bombardear cidades pacíficas”.

Não foi possível apurar se os cinco jovens são, de facto, militares russos, nem se prestaram estas declarações de livre vontade.