As autoridades russas deram ordem para o pagamento de 117 milhões de dólares (cerca de 107 milhões de euros) em juros da dívida numa tentativa de evitar a entrada em incumprimento (default) internacional, o que aconteceria pela primeira vez em mais de 100 anos.
Mas de acordo com um relato da CNN, a origem dos fundos usados para o pagamento são ativos no estrangeiro que foram congelados na sequência das sanções impostas depois da invasão à Ucrânia. Daí as dúvidas sobre se os investidores vão conseguir receber o dinheiro.
O ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, afirmou ao canal estatal público Russia Today (também ele sancionado nos países do Ocidente) que o país cumpriu as suas obrigações para com os credores, avisando contudo que a “possibilidade de cumprir as nossas obrigações em moeda estrangeira não depende de nós”. O pagamento já chegou ao banco americano correspondente (que é contraparte da transação em dólares) e só não chegará aos detentores das obrigações russas se os Estados Unidos o impedirem. “Temos o dinheiro e demos a ordem de pagamento. A bola está agora do lado da América”, afirmou ao RT.
Os dois cupões que vencem são obrigações (bonds) denominadas em dólares e representam o primeiro teste à capacidade da Rússia cumprir o serviço da dívida vendida nos mercados internacionais. Se os Estados Unidos bloquearem o pagamento — porque as operações com dólares estão proibidas às autoridades russas — estas podem tentar liquidar com rublos, mas de acordo com a agência de rating Fitch, tal operação representaria um default.
Esta semana o ministro das Finanças português, João Leão, adiantou que havia expetativa por parte dos países europeus de que a Rússia iria entrar brevemente default.
De acordo com estimativas do JP Morgan, a dívida pública russa em moeda estrangeira totaliza 40 mil milhões de dólares (36 mil milhões de euros). Em Abril, vence um pagamento de dois mil milhões de dólares.