Os casos de tráfico de seres humanos sinalizados em Portugal aumentaram quase 40% no ano passado em relação a 2020, tendo sido detetados 318 situações, revelou esta quinta-feiraa ministra da Administração Interna.

“Em 2021, o Observatório de Tráfico de Seres Humanos rececionou 318 sinalizações de vítimas de tráfico, dos quais 308 vítimas foram sinalizadas em Portugal. Comparando com 2020, o número de sinalizações aumentou 89 registos, o que significa um aumento de 39%”, disse Francisca Van Dunem.

Os dados foram avançados durante a apresentação do projeto “Melhorar os sistemas de prevenção, assistência, proteção e (re)integração para vítimas de exploração sexual”.

Segundo a ministra, Portugal mantêm-se, à semelhança de anos anteriores, como país essencialmente de destino para vítimas de tráfico de seres humanos, existindo “poucos casos” em que é o país de origem.

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A governante adiantou que a maioria dos casos de tráfico de seres humanos sinalizados em Portugal são para exploração laboral e homens.

Em relação ao tráfico para exploração sexual, a ministra disse que são poucos os casos detetados sendo sobretudo de mulheres oriundas da Europa central e oriental não membros da União Europeia.

Sobre o projeto “Melhorar os sistemas de prevenção, assistência, proteção e (re)integração para vítimas de exploração sexual”, a ministra sublinhou que esta iniciativa vai permitir “seguramente ajudar a refletir, conhecer e a combater” este fenómeno.

“Apresentação deste projeto nesta altura reveste-se de profunda atualidade, considerando a situação de guerra que se vive na Ucrânia e as consequências que tem em termos de pessoas deslocados, de fluxos de pessoas em situação de desamparo” e do possível aproveitamento das redes que se dedicam normalmente ao tráfico de seres humanos, frisou.

A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, justificou o projeto com a necessidade de conhecer melhor a dimensão deste problema.

“Queremos conhecer melhor, porque tínhamos em Portugal casos registados e identificados de vítimas para exploração sexual muito inferior às situações detetadas de exploração laboral, que é masculina”, disse Rosa Monteiro.

O projeto, que envolve várias entidades nacionais e tem como parceiro o Nadheim Center, da Noruega, é promovido pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna/Observatório do Tráfico de Seres Humanos.

Segundo o Observatório de Tráfico de Seres humanos, o projeto vai ter uma duração de dois anos e tem como objetivos centrais “avaliar os sistemas de vitimização especialmente agravados no contexto da pandemia da Covid-19, assim como das novas formas de violência contra mulheres e raparigas nas plataformas digitais”, aumentar o conhecimento sobre a natureza da exploração sexual e caracterização sociodemográfica das vítimas e dos agressores.

A avaliação da eficácia e eficiência dos mecanismos nacionais de prevenção sinalização, identificação, assistência e proteção de vítimas de tráfico de seres humanos é ainda outro objetivo do projeto que foi apresentado esta quinta-feira no Ministério da Administração Interna.