Cristina Rodrigues vai ser assessora no gabinete parlamentar do Chega na próxima legislatura, apurou o Observador. Depois de ter sido eleita pelo PAN em 2019 e de ter deixado o partido poucos meses depois, em rutura com a direção, Cristina Rodrigues manteve-se no hemiciclo na condição de deputada não-inscrita e focou grande parte do trabalho parlamentar na áreas dos direitos das mulheres.

Cristina Rodrigues passará a fazer parte da equipa escolhida pelo partido liderado por André Ventura para trabalhar no Parlamento na próxima legislatura e será responsável por coordenar a área jurídica que prestará apoio ao gabinete parlamentar do partido de direita radical.

Ao Observador, Cristina Rodrigues não quis, para já, fazer comentários sobre a transição entre bancadas no Parlamento.

Minutos depois de a notícia ter sido avançada pelo Observador Cristina Rodrigues fez uma publicação na rede social Twitter onde afirma que lhe foi “assegurada a possibilidade de continuar a trabalhar certos temas” que considera “prioritários”.

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O partido liderado por André Ventura passou de um deputado único para um grupo parlamentar com 12 deputados, o que levou a uma reestruturação de grande dimensão no Parlamento e a um aumento de trabalhadores contratados através da subvenção a que o partido tem direito.

Inês Sousa Real: “Só podemos lamentar esta opção”

A líder do PAN, partido pelo qual Cristina Rodrigues foi eleita em 2019, Inês Sousa Real já reagiu à notícia da mudança de ex-deputada do PAN para o Chega. “Fica claro que o compromisso para com as causas, em particular com a causa animal e com as mulheres não é um compromisso irrevogável e, portanto, só podemos lamentar esta opção”, disse à Rádio Observador.

“Lamentamos a opção de Cristina Rodrigues”

Sousa Real escusou-se a fazer mais comentários sobre “uma opção pessoal”, deixando o “próprio juízo de valor em relação à opção tomada por Cristina Rodrigues” para “as pessoas”. “Em política ou estamos para representar um ideário e valores que dizemos defender, ou então não estamos a ser coerentes”, apontou ainda e voltou a reclamar a restituição do mandato ao PAN, como fez ao longo da legislatura depois de Cristina Rodrigues se ter desvinculado do PAN.

“Lamento profundamente que ao longo deste tempo na Assembleia da República não nos tenha cedido o mandato pois teríamos feito bom uso dele”, frisou.

Eurodeputado Francisco Guerreiro, ex-PAN, diz que decisão é “incompreensível” e “indefensável”

Pouco tempo antes da desfiliação de Cristina Rodrigues, foi Francisco Guerreiro a bater com a porta. O ex-PAN, eleito nas Europeias de 2019 publicou no Twitter uma reação à passagem de Cristina Rodrigues para o gabinete do Chega.

“É incompreensível esta associação da Cristina Rodrigues a um partido que defende o contrário do que foi o seu trabalho parlamentar.”, escreveu o eurodeputado acrescentando que “o Chega é anti-ecologista, contra os direitos das mulheres, das pessoas LGBTI, pró-tourada e com ligações extremistas internacionais”. “Indefensável”, rematou.