O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, interveio esta quinta-feira por videoconferência na cimeira da NATO que decorreu em Bruxelas. Perante os chefes de Estado e de Governo da NATO, incluindo Joe Biden, Boris Johnson e António Costa, Zelensky disse que a aliança atlântica “ainda tem de provar o que pode fazer para salvar pessoas” e para “mostrar que é, verdadeiramente, a associação de defesa mais poderosa do mundo”.

O mundo está à espera e a Ucrânia está muito à espera de ação real“, disse Zelensky. O Presidente da Ucrânia disse que o seu país se sente numa “zona cinzenta entre o Ocidente e a Rússia“, uma vez que ainda não é membro da NATO, mas defende os “valores comuns” da aliança ocidental.

Contudo, lamentou Zelensky, a Ucrânia ainda não recebeu da parte da NATO os meios militares de que precisa para fazer frente à ameaça russa. O líder ucraniano, que ao longo do último mês tem comandado a resistência da Ucrânia contra a invasão russa, disse à NATO que o seu país está a lutar “num plano desigual há mais de um mês”.

Volodymyr Zelensky: “Estamos a aproximar-nos da vitória”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Novamente, Zelensky apelou à NATO que declare uma zona de exclusão aérea sobre o território ucraniano — algo que o Ocidente tem recusado, por considerar que isso representaria uma escalada de tensões com consequências imprevisíveis.

Alegando que a Rússia tem armas de destruição maciça prontas a usar contra a Ucrânia, Zelensky disse que Moscovo não hesita em alvejar estruturas civis, incluindo hospitais e zonas residenciais.

O Presidente ucraniano fez o balanço de um “terrível mês negro de destruição”, que já custou “milhares de vidas, arruinou cidades e causou quase 10 milhões de deslocados” — o preço da “heróica resistência” dos ucranianos.

Porém, Zelensky diz que a Ucrânia necessita dos meios militares ocidentais para se defender dos russos — e pede à NATO que forneça ajuda militar ilimitada ao seu país.

“Para salvar as pessoas e as nossas cidades, a Ucrânia precisa de assistência militar sem restrições. Do mesmo modo que a Rússia está a usar o seu arsenal completo, sem restrições, contra nós”, disse Zelensky. “Podem dar-nos 15 dos vossos aviões, 1% dos vossos tanques, 1%!”

“A Ucrânia não quer ficar em guerra anos e anos. Simplesmente, queremos sobreviver e salvar o nosso povo”, disse o Presidente ucraniano.

Zelensky lamentou ainda não ter recebido um único avião de combate ou um tanque da parte da NATO e reiterou que a Ucrânia tem pouca capacidade de defesa aérea, uma das grandes fragilidades do país.

Afirmando que não culpa a NATO pela guerra, uma vez que são os mísseis russos que estão a destruir o país, e não os ocidentais, Zelensky apelou ao Ocidente que forneça armamento à Ucrânia para se defender.

Ainda na sua intervenção perante os líderes da NATO, Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de ter usado bombas de fósforo sobre civis ucranianos.

Trata-se de uma arma ilegal e proibida por tratados internacionais.

“Novamente, há crianças a morrer, pessoas a morrer”, disse Zelensky à NATO.

Na quarta-feira, o presidente da câmara de Irpin, nos arredores de Kiev, já tinha denunciado o uso desta arma ilegal por parte dos atacantes russos.

No discurso à distância a partir de Kiev, Zelensky desafiou novamente a NATO a ponderar a adesão da Ucrânia à aliança atlântica.

“A única coisa que vos exijo após um mês de guerra é, por favor, que nunca nos digam que o nosso exército não cumpre os padrões da NATO”, afirmou Zelensky.