Na mesma semana em que se registaram temperaturas anormalmente altas no leste da Antártida, uma plataforma de gelo cuja área se assemelha à cidade de Roma colapsou.

A plataforma de gelo tinha vindo a reduzir de tamanho desde meados da década de 2000, mas esta diminuição tinha-se dado de forma gradual até ao início de 2020, explicou o The Guardian. Já no dia 4 de março, contudo, a plataforma aparentava ter apenas metade da sua área normal, quando comparada com o seu estado em janeiro deste ano.

Na semana passada, a estação meteorológica de Concordia registou um novo máximo na temperatura 11,8 graus Celcius negativos — tendo este aumento sido registado, em parte, pelo rio atmosférico que acumulou temperaturas superiores ao normal no continente de gelo.

As plataformas de gelo são camadas flutuantes que cobrem o oceano desempenham um papel importante para impedir que o gelo presente no manto terrestre da Antártida derreta em excesso para o oceano.

“A Antártida como um todo tem estado fechada numa caixa de gelo”, esclareceu à CNN o glaciólogo da Universidade do Colorado, Ted Scambos. “Tem estado habituada a estar rodeada por esta camada de gelo do oceano, tem estado habituada a temperaturas mais que geladas.”

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“É um dos colapsos de plataformas mais importantes na Antártida desde o colapso da plataforma Larsen B no início dos anos 2000”, explicou ao jornal britânico Catherine Colello Walker, cientista na NASA e na Instituição Oceanográfica Woods Hole. “Provavelmente não terá grandes repercussões, mas é um sinal do que poderá estar por vir.”

Andrew Mackintosh, diretor do departamento da Terra, Atmosfera e Ambiente da Universidade Monash, acredita que o colapso da plataforma Conger pode ter sido influenciado pela quantidade de gelo da plataforma que estaria a derreter na parte de baixo do bloco, pelo contacto com o oceano.

Plataformas de gelo perdem massa como parte do seu comportamento natural, mas o colapso em larga escala de uma plataforma é um evento bastante incomum”, considerou ainda assim o diretor do departamento.

Dados por satélite demonstraram que o início do evento que culminou no colapso da plataforma de gelo ter-se-á dado entre 5 e 7 de março, contou Peter Neff, glaciólogo e professor assistente na Universidade do Minnesota.

A maior preocupação da comunidade científica, contudo, é o glaciar Thwaites, apelidado de “glaciar do juízo final”, uma vez que, cerca de 100 vezes maior que o antigo Larsen B, caso derreta, poderá fazer subir o nível das água do mar em mais de meio metro.