O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, defendeu esta sexta-feira à noite que as negociações pela paz entre Rússia e Ucrânia são “necessárias”, “importantes”, “urgentes” e “justas”. Mas deixou um aviso: a “soberania” e a “integridade territorial” — particularmente importante dada a longa guerra no Donbass e o separatismo pró-russo em Donetsk e Lugansk — são linhas vermelhas inegociáveis.

As conversas têm de ser substantivas, têm de ter um propósito. A soberania ucraniana tem de ser garantida. A integridade territorial da Ucrânia tem de ser garantida. Isto é: as condições têm de ser justas. O povo ucraniano não aceitará outras”, vincou, defendendo também que as negociações têm de decorrer “tendo em vista chegar a um resultado, não procurando um adiamento” da situação.

Kiev e Moscovo reconhecem que negociações de paz estão “muito difíceis”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre provocações ao ministro da Defesa da Rússia, que “dizem que desapareceu para algum lado” (Sergei Shoigu nunca visitou as tropas russas em combate, por exemplo), Zelensky, que discursou ao país em vídeo — partilhado na sua conta oficial na rede social Telegram — enalteceu os resultados da ação das forças ucranianas em campo de batalha: “Na semana passada, o heroísmo das nossas Forças Armadas causou golpes profundos ao inimigo, provocando-lhe perdas significativas”.

Ainda sobre o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, Zelensky deixou mais uma farpa: “Questiono-me se ele gostaria de visitar pessoalmente Chornobaivka”, localidade da região de Kherson onde as forças ucranianas têm provocado repetidamente baixas às forças russas com ataques sucessivos.

Estou grato aos nossos defensores no terreno, que mostraram aos ocupantes que o mar não lhes será calmo nem quando não existe uma tempestade. Porque haverá fogo”, referiu.

Defendendo que as forças ucranianas “continuam a repelir os ataques do inimigo no sul do país, em Donbass, em direção a Kharkiv e na região de Kiev”, o Chefe de Estado da Ucrânia revelou que durante esta semana foi possível “estabelecer 18 corredores humanitários”, tendo sido retiradas de zonas de maior crise humanitária mais de 37 mil pessoas: “Um total de 37.606 pessoas foram retiradas de cidades sitiadas“.

Especificamente de Mariupol, cidade em que se multiplicam os relatos de falta de alimentos, água e medicamentos e de mortes de civis, “26.477 residentes foram retirados e transportados para Zaporíjia, através de um corredor humanitário”. Ainda assim, “a situação na cidade continua a ser absolutamente trágica” já que “o exército russo não permite a entrada de ajuda humanitária na cidade”.