Sinisa Mihajlovic ganhou a então Taça dos Campeões Europeus pelo Estrela Vermelha, conquistou a Serie A por Lazio e Inter quando tinham das melhores gerações de equipas nos últimos tempos, ainda festejou mais uma Taça dos Vencedores das Taças e uma Supertaça Europeia com o conjunto romano onde jogou com os portugueses Sérgio Conceição e Fernando Couto. Como jogador, tinha uma imagem de marca apesar de ser defesa: as bolas paradas, a marcar (e foram quase 100 golos) e a assistir. Como treinador, mais recentemente, a imagem passou a ser a boina. Mas aquela que se mantém como a imagem nos dias que correm é a de um lutador que venceu a leucemia aguda e depois a Covid-19. Agora, segue-se mais uma batalha.

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“Realizo ciclicamente análises profundas após a doença, nos últimos anos a recuperação tem sido excelente, mas infelizmente nas últimas surgiram sinais de alarme e há o risco de recorrência da doença. No início da próxima semana terei que me ausentar e serei internado. Mas ao contrário do que aconteceu há dois anos e meio, agora sei o que fazer. Espero que o tempo seja curto”, começou por anunciar o agora técnico do Bolonha (e por alguns dias treinador do Sporting em 2018, quando assinou ainda com Bruno de Carvalho mas nunca entrou), que anunciou a recaída numa conferência de imprensa marcada este sábado no clube.

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“Esta doença tem de facto coragem para voltar e lutar comigo. Estou aqui, se a primeira lição não lhe chegou, dou-lhe uma segunda. Este é o caminho da vida, é feito de altos e baixos. Também há buracos onde podemos cair, mas é preciso encontrar sempre força para sair deles. No início da próxima semana vou ser admitido no hospital, sei que estou em boas mãos. Ao contrário do que sucedeu há dois anos e meio, estou calmo. Espero que seja rápido, mas vou perder alguns jogos. Já tenho tudo preparado para seguir os treinos e os jogos no quarto”, acrescentou ainda o sérvio de 53 anos, antes de deixar uma mensagem à sua equipa (que ocupa o 13.º lugar da Serie A), aos jogadores e aos próprios adeptos do Bolonha.

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“Sei que não vão desiludir-me, eu vou lutar por eles e tenho a certeza que eles vão lutar por mim. Também peço aos adeptos do Bolonha que os apoiem e ajudem. Vou voltar em breve”, pediu o treinador, que será agora nos próximos encontros substituído pelo seu técnico adjunto, Miroslav Tanjga.

“A 11 de julho [de 2019], faz um um ano, o [Walter] Sabatino, o Dr. Nanni e o [Marco] Di Vaio entraram no meu quarto de hotel e disseram-me que eu tinha leucemia. Tinha feito testes à medula nessa manhã, que confirmaram a doença. É certamente uma data importante para mim, passou um ano que dificilmente irei esquecer. Ninguém podia imaginar que estaria aqui hoje a falar de futebol e do jogo com o Parma”, tinha dito em julho de 2020 Sinisa Mihjalovic, depois do regresso aos relvados e depois de um período de um ano onde chegou a dar uma conferência no hospital onde admitiu estar “cansado de chorar”.

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Poucos meses depois, em setembro de 2020, o treinador contraiu também Covid-19, que acabou por não afetar o seu estado de saúde. “Depois daquilo por que passei de julho do ano passado a janeiro, seis meses de luta diária contra a leucemia, a entrar e sair do hospital para rondas de quimioterapia e um transplante de medula, a Covid-19 foi como beber um copo de água fria. Estava assintomático e se não tivesse feito o teste nunca teria percebido que tinha a doença. Isto não quer dizer que a doença não existe ou que é apenas uma constipação. Quem nega que este vírus é mortal está a ignorar a realidade e a faltar ao respeito a quem morreu, a quem sofreu e a quem perdeu entes queridos”, referira no regresso aos trabalhos.

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