Sorridente e vitorioso — pelo menos até dia 24 —, Emmanuel Macron subiu ao palco para agradecer aos apoiantes, até mesmo aqueles que não votaram nele na primeira volta destas presidenciais. O candidato do Em Marcha!, e atual Presidente francês, tinha conseguido (à hora de publicação deste artigo), 27,6% dos votos, com uma vantagem de quase cinco pontos percentuais sobre Marine Le Pen.

Macron, o último da noite a falar aos franceses, distribuiu agradecimentos, em particular aos candidatos Anne Hidalgo, Yannick Jadot, Valérie Pécresse e Fabien Roussel, que depois de perceberem que ficaram fora da corrida expressaram o seu apoio ao Presidente francês, por oposição a Marine Le Pen.

“Quero convidar os nossos concidadãos, seja qual foi a sua escolha na primeira volta, a juntarem-se ao nosso movimento. Alguns vão votar para bloquear a extrema-direita, e estou totalmente ciente de que isso não quer dizer que apoiam o meu projeto. Sei que é, por exemplo, a escolha feita por Jéan-Luc Mélenchon”, admitiu, referindo-se diretamente ao candidato que, ficando afastando da segunda volta, representa um quinto do eleitorado que este domingo foi às urnas — e que será decisivo para o que vier a resultar da ronda eleitoral de 24 de abril.

Macron fez, ainda assim, questão de “elogiar o seu desejo de bloquear o progresso da extrema-direita”. “Neste momento, quando o futuro do país está em jogo, nada deve ser como era antes. É por isso que quero estender a mão a todos os que querem trabalhar em prol de França”, afirmou.

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O chefe de Estado francês, que se recandidata à presidência, dirigiu-se ainda “a todos os que se abstiveram ou que votaram nos extremistas”, por estarem insatisfeitos com a “desigualdade persistente” ou por não se sentirem ouvidos e representados. “Quero conquistá-los. Nos próximos dias vou mostrar que o nosso projeto responde às necessidades deles, mais do que a extrema-direita”, comprometeu-se.

Esta mensagem de união surge perante uma segunda volta que se espera renhida: o Instituto Francês de Opinião Pública divulgou, na noite de domingo, uma sondagem que mostra os dois candidatos muito próximos um do outro: dá 51% dos votos a Emmanuel Macron e 49% a Marine Le Pen.

Macron diz que se trata de escolher entre duas visões opostas para o país, e deu alguns exemplos. “Eu quero uma França que lute contra o separatismo islâmico, e que através do secularismo permita que toda a gente possa ou não acreditar, possa exercer a sua religião como preferir (…) Não quero que França impeça os muçulmanos e os judeus de comerem o que quiserem. Isso não é o que nós somos”, apontou.

Nestas comparações, o Presidente defendeu um modelo de país aberto, que apoia os mais vulneráveis, “em particular as mães solteiras”, e “fiel ao humanismo”, por oposição a um fechado e preconceituoso. Em particular, Macron focou-se na importância de França no contexto do projeto europeu: “Quero que França faça parte de uma União Europeia forte. Não quero que França saia da União Europeia e que apenas tenha como aliados internacionais xenófobos e populistas. Nós não somos assim”.

Esperam-se, então, duas semanas de um debate “decisivo” para França e para a Europa. “É isto que está em jogo a 24 de abril. São estas as escolhas que vocês, através do vosso voto, vão fazer”, alertou Macron.