“Saiam”, “O povo quer demitir o presidente”, “Abaixo o golpe”, “Constituição, trabalho e dignidade”, entoaram os manifestantes convocados para o protesto pelo partido Ennahdha e pelo movimento “Cidadãos contra o golpe”, noticiou agência France-Presse (AFP).

Os manifestantes, incluindo várias figuras de esquerda, contestaram a dissolução do Parlamento, decidida em 30 de março por Kais Saied, sustentando que “não há democracia sem poder legislativo”.

Segundo a AFP, o Ministério do Interior reforçou a força policial junto às barreiras metálicas, para controlo da manifestação, e unidades de choque foram destacadas para o local.

Os opositores de Saied consideram a tomada de todos os poderes por parte do presidente um “golpe de estado”, que já levou à realização, nos últimos meses, de vários protestos contra a sua política.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Saied foi eleito no final de 2019 e assumiu plenos poderes nessa data, demitindo o primeiro-ministro e suspendendo o Parlamento dominado pelo partido de inspiração islâmica Ennahdha.

Apesar da nomeação de um governo no outono passado, o presidente governa o país por meio de decretos-leis e prorrogou por meses a suspensão do parlamento, que acabou por ser dissolvido em 30 de março.

Em fevereiro, já tinha abolido o Conselho Superior da Magistratura (CSM), que substituiu por um órgão provisório cujos membros elegeu, uma medida descrita pelos seus detratores como uma nova deriva autoritária e que suscitou preocupações com a independência da justiça.

O protesto ocorreu este domingo num clima de crescentes tensões políticas após a abertura de um inquérito judicial a parlamentares que desafiaram a suspensão do parlamento pouco antes de sua dissolução, realizando uma sessão plenária online.

Além do impasse político, a Tunísia enfrenta uma profunda crise socioeconómica e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional para obter um novo empréstimo.