Foi em Champ-de-Mars, junto à Torre Eiffel, que Emmanuel Macron subiu ao palco para reclamar vitória nas presidenciais francesas, numa reeleição histórica: há 20 anos que um Presidente francês não era escolhido para um segundo mandato.

“Uma maioria de nós escolheu confiar em mim para liderar a República nos próximos cinco anos. Agradeço a todos os franceses, homens e mulheres, que na primeira e segunda volta destas presidenciais confiaram em mim”, disse, ao subir ao palco, acompanhado pelo Hino da Alegria, que é também o hino oficial da União Europeia.

Mas o tom festivo veio acompanhado de um alerta: “Queridos amigos, temos de ter cuidado e respeito, porque o nosso país está cheio de divisões e dúvidas. Temos de ser fortes e ninguém deve ser deixado de lado. Temos de trabalhar para a união, é a única forma de vivermos felizes e ultrapassarmos as dificuldades dos próximos anos”.

Macron reconheceu que muitas das pessoas que votaram nele não o fizeram por convicção, mas por considerarem ser um mal menor. “Sei também que muitos dos nossos compatriotas votaram em mim hoje, não para apoiar as minhas ideias, mas para criar um obstáculo à extrema-direita”, admitiu. O candidato do En Marche! agradeceu o voto destes eleitores e disse ter consciência de que é “depositário do sentido de dever nos anos futuros, desta ligação à República e do respeito pela diferença que foi expresso nesta última semana”.

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Em seguida, Macron dirigiu-se, em particular, aos que votaram em Marine Le Pen, mas antes que terminasse a frase ouviram-se assobios na audiência. “Não, não assobiem”, interrompeu. “Desde o princípio que disse que não quero ver esse comportamento. Porque a partir de agora não sou candidato de um partido, mas sou o Presidente de todos”, afirmou.

O Presidente reeleito disse compreender os votos na extrema-direita, o seu “desacordo e raiva”, que “os levou a votar nesse projeto”. “Temos de responder perante eles também. Vou ser um guardião das divisões que foram expressadas. Todos os dias vou garantir que respeito toda a gente e vou trabalhar para uma sociedade mais justa”, prometeu.

Depois dos alertas e tentativas de reconciliação, Macron lançou-se no otimismo e definiu o seu projeto político para os próximos cinco anos: “Hoje, optaram por um projeto humanista, que ambiciona a independência do nosso país, da nossa Europa. Um projeto republicano, um projeto social e um projeto ecológico. Um projeto alicerçado no trabalho e na criação. Um projeto de libertação das nossas forças culturais e empresariais”.

Admitindo que “há muito para fazer”, Macron deixou uma mensagem de esperança: “Os próximos anos não vão ser fáceis, mas vão ser históricos.” Depois de cinco anos na presidência, e prestes a iniciar outros tantos, garantiu que não será um Presidente do passado, mas sim do futuro. “Os próximos cinco anos não vão ser só uma continuidade do passado, mas um novo método. Cinco anos que vão ser melhores para o nosso país, para a nossa juventude”, prometeu.