Os bispos católicos portugueses prometeram esta quinta-feira colaborar com a comissão independente que está a investigar os abusos sexuais de menores na Igreja Católica em Portugal, concretamente através da disponibilização do acesso aos arquivos eclesiásticos que existem nas 21 dioceses católicas do país.
A informação foi confirmada aos jornalistas pelo secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, numa conferência de imprensa em Fátima após a reunião plenária dos bispos que decorreu ao longo desta semana, e que contou com a presença dos membros da comissão independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.
“Estiveram presentes na Assembleia todos os membros da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa”, explicou Manuel Barbosa aos jornalistas.
“O coordenador designado pela Conferência Episcopal, Dr. Pedro Strecht, constituiu autonomamente esta Comissão e uma Equipa de Historiadores e Arquivistas, liderada pelo Prof. Dr. Francisco Azevedo Mendes, da Universidade do Minho, para estudar este drama na vida da Igreja, com o objetivo de chegar, de forma inequívoca e eficaz, ao esclarecimento e à verdade dos factos através do estudo dos Arquivos Históricos existentes em cada Diocese, num trabalho de colaboração e confiança mútua com cada Bispo Diocesano“, acrescentou.
O sacerdote sublinhou que “a Comissão apresentou ainda o trabalho realizado até ao momento e apelou a que se divulgassem mais amplamente os contactos da Comissão nas instituições eclesiais e na sociedade civil, promovendo assim a continuidade do testemunho de possíveis vítimas”.
“A Assembleia agradeceu o trabalho já realizado, desejando que a Comissão continue a desenvolvê-lo de forma autónoma, com dedicação e competência. Quanto ao estudo dos arquivos históricos, a Conferência Episcopal Portuguesa e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal reiteram todo o interesse em colaborar com a Comissão Independente e a Equipa por esta designada, respeitando a Lei Civil, a Lei Canónica e o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados”, destacou Manuel Barbosa.
O comunicado inclui ainda um reconhecimento da “importância” das comissões de proteção de menores dentro da própria Igreja Católica.
“Em sintonia com as palavras iniciais do seu Presidente sobre a grave questão dos abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis na Igreja, a Assembleia reconheceu a importância das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis e consequente constituição de uma Coordenação Nacional para implementar procedimentos, orientações e esclarecimentos que” possibilitem um melhor e mais articulado trabalho de todos”, disse Manuel Barbosa, referindo-se a uma comissão nacional de coordenação das várias estruturas diocesanas, liderada pelo antigo PGR Souto de Moura.
“Às pessoas que passaram pela dramática situação do abuso no âmbito eclesial, os Bispos reafirmam um sentido pedido de perdão, em nome da Igreja Católica, e o empenho em ajudar a curar as feridas. Agradecem também a quem se aproximou para contar a sua dura história, superando compreensíveis resistências interiores”, disse ainda o sacerdote.