Uma final perdida com o Inter FS a duas mãos em 2004, uma final ganha com o Inter FS no então Pavilhão Atlântico em 2010, um hiato sem mais presenças na final. Apesar de ter sido a única equipa portuguesa a ganhar a Liga dos Campeões de futsal ao longo de quase uma década (o Sporting ganharia pela primeira vez em 2019), os encarnados não mais conseguiram ir a uma decisão apesar das presenças na Final Four de 2011 e 2016. Agora, seis anos depois, voltava a ter essa oportunidade. E logo contra um Barcelona reforçado após a decisão perdida frente aos leões na última época, que entrava na sua quinta Final Four consecutiva.

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“A equipa do Barcelona tem muito talento, faz muitas coisas bem e é das poucas em Espanha que joga com guarda-redes avançado. Creio que vai ser um jogo equilibrado e que se vai decidir nos pequenos detalhes. As equipas aqui presentes na Final Four são muito boas. Já não há equipas fáceis, calhou-nos umas das melhores mas temos de jogar contra elas se queremos ganhar esta prova. Temos que dar o melhor de nós para ganhar amanhã. Porque aceitei este desafio? O Benfica é umas das melhores equipas do mundo e era uma oportunidade que não poderia deixar passar”, explicou Pulpis, técnico espanhol que chegou à Luz na presente temporada depois de alguns anos à frente da seleção da Tailândia que levou ao Mundial de 2016.

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Era neste contexto que os encarnados, na melhor série da temporada com nove vitórias seguidas depois da derrota na final da Taça da Liga (incluindo uma na Luz para a Liga com o rival Sporting), enfrentavam um conjunto espanhol com ligeiro favoritismo teórico na tentativa de conseguir algo inédito na Champions que passava por uma final entre dois conjuntos portugueses após a goleada dos leões ao ACCS de Ricardinho. E tudo apontava nesse sentido, depois de uma primeira parte de sonho que viria a tornar-se pesadelo.

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O Benfica teve uma entrada de rompante no encontro, deixando uma primeira ameaça na bola de saída por Chishkala, voltando a criar perigo de seguida por Rocha e beneficiando de uma grande penalidade por falta de Didac sobre Rocha, bem transformada por Tayebi para o 1-0 com apenas 41 segundos de jogo. Logo de seguida, André Coelho, numa reposição lateral, atirou de fora à trave de baliza de André Sousa mas a equipa encarnada foi conseguindo controlar a vantagem, fazendo de quando em vez subir o guarda-redes para criar variabilidade de opções ofensivas para dificultar a tarefa dos catalães sem bola. O único ponto que não estava nas contas dos lisboetas era mesmo a quarta falta com pouco mais de oito minutos, numa exibição segura, com mais um par de boas intervenções de André Sousa mas com boas chegadas à baliza de Didac e foi numa recuperação de bola que os encarnados aumentaram a vantagem com um remate cruzado (9′).

O Barcelona tentava subir linhas de pressão mas nem assim o Benfica ficava intranquilo, tendo uma saída de compêndio que ainda permitiu a Arthur aumentar o resultado com o remate a sair ao lado. E mesmo quando os blaugrana conseguiam visar a baliza de André Sousa, o internacional português mostrava o momento que atravessa, como já tinha feito no dérbi com o Sporting para a Liga. Era o momento dos encarnados no jogo e houve dez segundos que funcionaram como radiografia perfeita disso mesmo: já com as cinco faltas e sem margem, o Benfica viu o Barcelona falhar isolado sem guarda-redes com Rómulo a desviar com a perna para o poste e, no contra-ataque, Didac travou o remate de Rocha mas Afonso Jesus marcou na recarga (17′).

Os encarnados tinham uma oportunidade de ouro para voltarem a uma final europeia com três golos de avanço ao intervalo mas sabendo que os catalães iam entrar com tudo para reentrarem ainda na partida e o 3-1 surgiu com apenas 21 segundos da etapa complementar num lance infeliz de André Sousa, que teve a sua redenção nos minutos seguintes e sobretudo numa defesa por instinto em cima da linha a remate de Ferrão que o Barça reclamou ter passado a linha antes de mais uma bola na trave por Matheus e a resposta também à trave de Chishkala no mesmo minuto (27′) antes de outro remate ao poste agora do guarda-redes Didac (28′). Os espanhóis precisavam do melhor do mundo e Ferrão apareceu, com um golo fabuloso de calcanhar de costas para a baliza que surpreendeu a defesa dos encarnados e fez o 3-2 aos 31′.

O Benfica ia aguentando a pressão do Barcelona mesmo sem a capacidade de saída que antes revelara em alguns momentos e a missão ficou ainda mais complicada a nove minutos do final, quando Jacaré cometeu a quinta falta de equipa. No entanto, em duas bolas com Jacaré e Rocha na finalização, os encarnados ficaram muito próximos do 4-2 que poderia ser quase decisivo naquele momento do jogo mas foi mesmo o conjunto culé a chegar ao empate, num remate de Dyego desviado em Pito que traiu André Sousa (35′) antes de mais uma falta desnecessária de Rocha, em luta com o fixo contrário, que deu a primeira oportunidade de golo para o Barça fazer a reviravolta num livre direto de Lozano que bateu no poste. O encontro podia cair para qualquer lado mas foram os catalães a fazerem o 4-3 aos 38′ por Dyego e Chishkala, já como guarda-redes avançado, a empatar de novo a partida apenas 26 segundos depois da reviravolta.

Ferrão ainda acertou no poste no último minuto mas o jogo iria mesmo para prolongamento, com um início em que as duas equipas poderiam ter marcado e o Benfica a dar mais uma grande resposta no plano físico e tático, passando ao lado da forma como perdeu três golos de vantagem. No entanto, e quando faltavam só 18 segundos para tudo passar para as grandes penalidades, Adolfo concluiu ao segundo poste mais uma grande jogava de Dyego pela esquerda e carimbou o 5-4 final que eliminou o Benfica e permitiu que a final da Liga dos Campeões em 2022 seja uma reedição do encontro decisivo da última temporada.