O processo que opõe Johnny Depp e Amber Heard entrou numa nova fase. Ao fim de 13 dias, o tribunal começou agora a ouvir o lado da atriz, primeiro através de uma especialista em violência pessoal. Dawn Hughes alegou que Heard sofreu de transtorno de stress pós-traumático como resultado de “violência do parceiro íntimo por parte do Sr. Depp”.
Hughes diz ter conduzido uma “avaliação objetiva” de Amber Heard durante 21 horas, consultou registos médicos e de tratamentos psicológicos, estudou o processo de difamação interposto por Depp no Reino Unido, contra o jornal The Sun e ainda falou com a mãe da atriz.
Em depoimento, a especialista defendeu que Amber Heard demonstrou “claros sintomas” que são consistentes com violência interpessoal “caracterizada por violência física, agressão psicológica, violência sexual, controlo coercivo e vigilância”, segundo o The Guardian. Acrescentou ainda que o alegado abuso de Johnny Depp sobre a agora ex-mulher “impulsionou os sintomas, relacionados com o fenómeno intrusivo, com a sua evasão, as suas alterações de humor” e rejeitou as alegações de que Heard poderia ter fingido os sintomas de transtorno de stress pós-traumático, como havia sugerido Shannon Curry, psicóloga clínica que testemunhou por Johnny Depp.
Dawn Hughes já foi testemunha em casos que envolveram pessoas famosas como o fundador do Nxivm, Keith Raniere, e o cantor R. Kelly. Neste caso lembrou ainda que Amber Heard foi vítima de abuso por parte do pai e teve de assistir à luta dos pais contra o uso de substâncias, o que a levou desde cedo a perceber o que é viver numa situação de caos. “Esse ambiente ensinou-lhe que ela poderia amar alguém que a magoasse”, afirmou, acrescentando que “ela aprendeu a ter esta tolerância pela inconsistência cognitiva, para duas emoções que deveriam ser diametralmente opostas”.
No seu depoimento, Hughes afirmou que Depp era “obcecado com infidelidade” ao ponto de telefonar aos atores ou realizadores que trabalhavam com Heard para os avisar que “tinha os olhos” neles. Disse ainda ao tribunal que Depp tentava controlar o que Heard vestia quando não estava com ele, que lia os guiões da ex-mulher em busca de cenas amorosas e que era “obsessivamente ciumento” em relação a James Franco.
A maioria dos episódios de violência e violência sexual por parte do ator aconteceriam “nestes ataques provocados por álcool e drogas”. A especialista contou alguns episódios de violência física e sexual e descreveu a relação do casal como “altamente volátil, altamente prejudicial”.
Ainda esta semana foi notícia que os advogados de Amber Heard pediram a arquivação do processo de difamação interposto por Johnny Depp, contudo sem sucesso. O pedido foi feito depois de concluída a defesa do ator, mas a juíza Penney Azcarate considerou que havia provas suficientes para manter o caso.
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O julgamento está acontecer num tribunal no estado norte-americano da Virgínia, começou no dia 11 de abril e espera-se que dure seis semanas. Ao longo de 13 dias os advogados de Johnny Depp procuraram provar que o ator foi vítima de difamação por parte da ex-mulher, Amber Heard, nomeadamente através da audição de testemunhas.
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O ex-casal enfrenta-se em tribunal depois de Depp ter processado Heard por difamação na sequência de um artigo de opinião publicado em 2018 no The Washington Post. Nele, a atriz admite ter sido vítima de violência doméstica, embora nunca mencione o nome do ex-marido. Em resposta, Depp acusou-a de difamação e pede agora 50 milhões de dólares. Heard acabou por responder com uma contra-acusação, exigindo uma indemnização no valor de 100 milhões de dólares.