Os quase 200 quilómetros da primeira etapa da Volta a Itália, neste caso realizados em território húngaro entre Budapeste e Visegrád, acabaram por confirmar aquilo que já todos esperavam a nível de vencedor, com o neerlandês Mathieu van der Pol a ser mais rápido numa chegada marcada pela competitividade de Biniam Ghirmay e pela queda de Caleb Ewan que colocou em equação a continuidade na prova. Contudo, ficou uma outra mensagem para todo o pelotão: pelo menos até chegarem as grandes etapas de montanha que vão fazer o corte entre favoritos, todos os metros e segundos vão ser disputados até à última. E essa era a separação entre alguns dos principais candidatos antes do contrarrelógio da segunda etapa.
A 14 segundos do líder Van der Poel e a quatro segundos de nomes como Richard Carapaz, Kelderman ou Mollema, João Almeida procurava uma alegria que lhe permitisse ganhar o tempo suficiente para subir mais umas posições em relação ao 14.º lugar que ocupava e, na melhor das hipóteses, a margem que desse para voltar a vestir a camisola rosa como aconteceu durante duas semanas no Giro de 2020.
“Tendo já competido no Giro por duas vezes, é uma prova incrivelmente importante para mim e aquela em que melhor me apresentei até ao momento. Acontece numa altura da época que encaixa bem comigo, permitindo-me fazer bem a minha preparação para estar na linha de partida. Em 2020 tive a sorte de vestir a camisola rosa por alguns dias e ainda consigo recordar-me da sensação de estar em cima da bicicleta e ouvir as pessoas gritar o meu nome. Foi, sem sombra para dúvidas, o momento mais incrível que vivi no ciclismo, por isso estou tão determinado em repetir essa experiência e ter um bom resultado para a UAE Team Emirates”, tinha anunciado ainda antes do início da competição ao site da nova equipa.
Em cinco contrarrelógios feitos na Volta a Itália em 2020 e 2021, com dimensões distintas e em momentos diferentes da prova, João Almeida nunca ganhou mas também nunca tivera uma classificação final que ficasse abaixo da sexta posição, incluindo uma segunda posição em Palermo (15,1 quilómetros) em 2020 ou um quarto posto na etapa inicial da edição de 2020 com pouco menos de nove quilómetros em Turim no ano passado. E, claro, sempre com Filippo Ganna na corrida para ser o melhor de todos. Agora, o resultado ficou um pouco mais abaixo a nível de classificação também pelas características da prova.
Depois do registo marcado por Jos van Emden, as figuras do contrarrelógio foram-se sucedendo, sempre com essa dúvida de saber até quando o primeiro classificado iria manter a liderança. Foi assim com Edoardo Affini, que baixou a fasquia para os 12.10. Foi assim com Lennard Kamna, que passou para 12.07. Foi assim com Matteo Sobrero, mais um italiano a superar a concorrência com 12.03. Rui Oliveira tinha feito 12.55, Rui Costa ficou com 12.28. Havia alguns tempos abaixo do esperado mesmo para corredores que não são especialistas, como Miguel Ángel López, Attila Valter ou Giulio Ciccone, mas as atenções viravam-se para os primeiros classificados e com Tom Dumoulin a baixar dos 12 minutos (11.55).
O francês praticamente não aqueceu a cadeira da liderança depois do grande registo do dia, alcançado por Simon Yates que tirou cinco segundos à marca de Dumoulin (11.50). João Almeida já tinha saído com pelo menos duas bandeiras portuguesas colocadas bem alto junto ao posto de saída por adeptos do corredor da UAE Team Emirates enquanto Vincenzo Nibali e Romain Bardet acabavam com tempos também entre os primeiros classificados. O português passou no ponto intermédio antes da subida com 11 segundos a mais do que o britânico, acabando com o tempo de 12.08 na nona posição parcial, sendo que Carapaz, que no intermédio estava à frente do português, terminou com dez segundos a mais. Faltava apenas conhecer o registo de Mathieu van de Poel, que ficou em segundo com 11.53 e segurou a camisola rosa.
Contas feitas, João Almeida acabou fora do top 10 mas com o tempo do nono e décimo classificados na 11.ª posição.
Em atualização