Lula da Silva oficializou este sábado a sua candidatura à presidência do Brasil. Num evento do Partido dos Trabalhadores (PT) que teve lugar no Expo Center Norte, em São Paulo, e contou com a presença de cerca de quatro mil pessoas, o antigo presidente lançou a sua pré-candidatura às eleições de outubro.

“Hoje é um dia especial. Saio daqui na expetativa de que ainda vamos comer chuchu com Lula. Esse será o prato da moda em 2022 no Palácio do Planalto a partir das eleições”, começou por declarar. “É um momento muito especial na minha vida por contar com vocês, por ter conseguido juntar todas as forças políticas progressivas em torno de uma campanha. Especial porque todos temos o interesse político de resolver o drama que o Brasil está a viver”, ressalvou.

Lula da Silva afirmou que “jamais irá desistir da causa” pela qual luta. “Sem uma causa, a vida perde qualquer sentido. A nossa causa é restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro”, defendendo que esta tem vindo a ser “atacada”. “É mais do que urgente restaurar a soberania do Brasil”, afirmou, defendendo uma “democracia plena, o salário justo, o acesso à saúde e educação”, e a recuperação da política ativa.

Num discurso repleto de recados dirigidos ao atual Presidente, Jair Bolsonaro, Lula da Silva afirmou que “o Brasil é demasiado grande para ser relegado ao triste papel de pária do mundo por conta da submissão ao negacionismo, à truculência, causando enormes prejuízos económicos ao país”, declarou. O antigo presidente afirmou ainda que defender a soberania do país é defender a Petrobrás, “que vem sendo sucateada ano após ano”. “Temos de fazer com que a Petrobrás volte a ser uma das maiores empresas do mundo e colocá-la ao serviço dos brasileiros e não de acionistas estrangeiros”, ressalvou.

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O candidato apelou ainda a uma “legislação justa” que defenda os direitos dos trabalhadores, e “que contribua para criar melhores empregos e contribua para fazer girar a roda da economia”. Para sair da crise, “o Brasil precisa voltar a ser um país normal”, considerou. “Não somos o faroeste onde cada um impõe a sua própria lei. Temos a nossa lei, a Constituição, e ninguém está acima dela”, atirou.

“Queremos que o fascismo seja devolvido ao esgoto da História de onde jamais deveria ter saído. Temos um sonho, somos movidos a esperança e não há forma maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz. Vamos voltar a cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro”, concluiu.

“Com vocês a vitória será certa e a recuperação do Brasil será uma certeza absoluta, e o Brasil voltará a ser um país que cresce e que gera emprego”, afirmou, classificando a candidatura como “um ato de amor”.

O ex-governador Geraldo Alckmin, indicado para ser vice-presidente na candidatura do ex-presidente, participou no evento à distância, porque testou positivo para a covid-19. “Serei um parceiro leal”, prometeu, garantindo uma “luta pela mudança” do país, apelando ainda a outras forças políticas. “Venham juntar-se a nós”, porque as próximas eleições serão “um teste”. Sem Lula, afirmou, “não haverá alternância no poder”. “O futuro do Brasil está em jogo”, destacou, afirmando que “o caminho é com Lula”.

Lula da Silva mantém vantagem sobre Bolsonaro cinco meses antes das eleições no Brasil

Lula da Silva foi presidente do Brasil entre 2003 e 2010. Em 2016 o seu nome foi envolvido na operação Lava Jato, pela qual seria condenado, por corrupção, em 2017, tendo passado 580 dias preso. Foi considerado culpado por receber um apartamento de luxo como suborno, e foi depois libertado em 2019, depois de o Supremo Tribunal Federal ter considerado que o ex-presidente foi julgado por um juiz suspeito e parcial.

Lula lidera atualmente todas as sondagens, com mais de 40% das intenções de voto, acima das cerca de 30% do atual presidente, Jair Bolsonaro, que irá concorrer para a reeleição.