Paz Esteban, até agora diretora dos serviços secretos espanhóis (CNI), foi destituída pelo conselho de ministros espanhol, esta terça-feira, devido ao seu papel no escândalo de espionagem que ficou conhecido como Pegasus. Para o seu lugar foi nomeada outra mulher, Esperanza Casteleiro, uma madrilena de 65 anos que fez quase toda a carreira profissional nos serviços de informação.

De acordo com fontes governamentais citadas pela imprensa espanhola, a demissão da diretora do Centro Nacional de Informação (CNI) foi decidida na reunião do Conselho de Ministros desta terça-feira.

Paz Esteban, a primeira mulher à frente da ‘secreta’ espanhola e a única diretora com uma carreira na “casa” que assumiu o cargo há pouco mais de dois anos, tornou-se assim na primeira vítima da espionagem dos telemóveis dos políticos através do sistema Pegasus.

A responsável pelos serviços de informações espanhóis tinha sido chamada na passada quinta-feira a uma comissão parlamentar para esclarecer a espionagem de dezenas de políticos pró-independência e também do primeiro-ministro e da ministra da Defesa.

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Na ocasião mostrou as autorizações judiciais que permitiram a espionagem de cerca de vinte políticos pró-independência da região da Catalunha. O movimento a favor da independência da Catalunha pedia há várias semanas a demissão da ministra da Defesa que considera ser a principal responsável pela alegada espionagem de dezenas dos seus líderes.

O ‘caso Pegasus’ foi revelado por um relatório do grupo Citizen Lab, relacionado com a Universidade de Toronto (Canadá), que indicava que pelo menos 65 ativistas catalães foram espiados entre 2017 e 2020, estando entre os visados o atual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura), os antigos presidentes regionais Quim Torra e Artur Mas, assim como deputados europeus, deputados regionais e membros de organizações cívicas pró-independência.

No início da semana passada, o executivo espanhol apresentou uma queixa no tribunal Audiência Nacional por alegada espionagem dos telemóveis do primeiro-ministro e da ministra da Defesa, apesar dos factos terem ocorrido em 2021. Este caso um afastamento cada vez maior entre o Governo espanhol e os seus principais parceiros, nomeadamente o Unidas Podemos (extrema-esquerda, parceiro no governo) e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista, apoio parlamentar).