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Com o novo Presidente já aos comandos, os cidadãos na Coreia do Sul podem perder um ano de idade

Este artigo tem mais de 2 anos

Todos os sul coreanos ficam mais velhos no dia de Ano Novo. Ou seja, um recém-nascido em dezembro, após poucas semanas, completa dois anos de idade. O novo Presidente quer já rever este sistema.

South Korea Inaugurates New President
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O Presidente Yoon Suk-yeol tomou posse esta terça-feira e discursou perante cerca de 40 mil pessoas. Agora, quer arregaçar as mangas e rever o sistema de contagem de idade em vigor

Getty Images

O Presidente Yoon Suk-yeol tomou posse esta terça-feira e discursou perante cerca de 40 mil pessoas. Agora, quer arregaçar as mangas e rever o sistema de contagem de idade em vigor

Getty Images

O novo presidente da Coreia do Sul tomou posse esta terça-feira e tem já uma agenda bem definida. Fora o “plano ousado que fortalecerá muito a economia da Coreia do Norte e melhorará a qualidade de vida do seu povo” em troca da desnuclearização, Yoon Suk-yeol pretende analisar a alteração do sistema de contagem de idade em vigor no país.

Novo Presidente sul-coreano oferece “plano ousado” em troca da desnuclearização

As emendas à lei irão abolir o conceito tradicional de “idade coreana”, que estabelece que um bebé tem logo um ano de idade à nascença e que o “aniversário” não coincide com a data de nascimento — no dia de Ano Novo, toda a população fica mais velha. Isto significa que um bebé que nasce, por exemplo, a 17 de dezembro completa dois anos passadas poucas semanas.

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A BBC ilustra a diferença entre a realidade da Coreia do Sul e o resto do mundo com o caso do cantor Kim Tae-hyung, também conhecido como V, da banda de k-pop BTS, que nasceu a 30 de dezembro de 1995. Segundo o método sul-coreano, a estrela tem 28 anos, mas se vivesse em Portugal ainda teria 26 anos.

The 34th Golden Disc Awards - Photocall

O cantor dos BTS, Kim Tae-hyung

ImaZins via Getty Images

Em dezembro, um estudo da Hankook Research concluiu que 82% dos cidadãos usam o sistema tradicional para dizer a idade quando são questionados, mas 71% consideram que já é tempo de parar de usar a “idade coreana” e mudar para o sistema de idade internacional.

E o novo Presidente concorda com estes 71%. Lee Yong-ho, chefe da comissão de transição do Presidente, reconheceu “os custos sociais e económicos associados à confusão e à inconveniência” resultante dos diferentes métodos de cálculo da idade, cita-o o The Telegraph. Abordou um caso que chegou ao Supremo Tribunal da Coreia do Sul por causa de confusões em torno da definição da idade para subida de salários e reformas.

Já à BBC, Kim Eun-ju, professor de Direito e Política da Universidade Hansung, revelou que a globalização deixou os jovens “mais cientes” da idade internacional e, por isso, sentem-se “ridicularizados”. 

O método em vigor na Coreia do Sul foi adotado por vários países asiáticos no passado, inclusive a China e o Japão, porém caiu em desuso com o passar das décadas. Acredita-se que está assente na ideia de que o tempo dentro do útero da mãe conta como o primeiro ano de vida do recém-nascido.

A televisão britânica salienta igualmente que há relatos de pais que tentaram contornar o sistema e atrasar o registo dos bebés nascidos em dezembro, por receio que isso representasse uma desvantagem no percurso escolar e, como consequência, no resto da vida.

E esta fórmula, durante a pandemia, gerou também confusão devido às autoridades terem alternado entre a idade internacional e a idade coreana para definir a elegibilidade para a vacinação: algumas pessoas não receberam a dose de reforço porque não tinham a idade internacional necessária, mas foram obrigadas a mostrar o comprovativo de inoculação de acordo com a “idade coreana”.

Nem todos encaram esta (possível) mudança com bons olhos, sendo que muitos cidadãos podem continuar a usar a sua “idade coreana”. Jang Yoo-seung, investigador sénior do Centro de Pesquisa de Estudos Orientais da Universidade de Dankook, vinca que a “idade coreana” é um reflexo da cultura do país.

A nossa sociedade não parece muito preocupada em renunciar à tradição. Corremos o risco de abandonar a nossa própria singularidade e cultura e tornarmo-nos mais monótonos?”, questionou.

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