“Foi um dia bom e duro, tendo em conta que o andamento foi elevado na última montanha. A equipa ajudou-me a ficar numa boa posição. Estamos a subir na classificação e as sensações são boas, portanto aguardo com expectativa os próximos dias duros”. A primeira etapa de verdadeira montanha do Giro, após alguns quilómetros a subir na passagem pela Hungria, deixou João Almeida satisfeito com a resposta da UAE Team Emirates no Etna, um ponto de memória agridoce para o português quando estava ainda na Deceuninck Quick-Step e perdeu a camisola rosa com que andou durante duas semanas em 2020. Depois, e durante duas etapas, rodou-se muito e a ritmo tranquilo até duas vitórias ao sprint de Arnaud Démare.

Cinco horas depois, tudo na mesma: Démare volta a ganhar (agora ao photo finish), João Almeida mantém sétimo lugar no Giro

A terceira semana será o ponto crítico da Volta a Itália, com ainda mais montanha do que é normal, antes de um contrarrelógio de 17,4 quilómetros em Verona. Ainda assim, e até lá, existem tiradas que prometem ser autênticas armadilhas para os principais candidatos que se andaram quase a “marcar” como aconteceu no Etna e a ligação de quase 200 quilómetros entre Diamante e Potenza desta sexta-feira era um exemplo prático disso mesmo, com o trajeto a passar também pelas montanhas de Calabria e Basilicata com contagens de primeira, segunda e terceira categorias antes da paragem em Nápoles deste sábado e a etapa entre Isernia e Blockhaus de domingo com montanha mais a sério antes do descanso em Pescara.

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Lennard Kämna vence no Etna, Juan Pedro López fica com a rosa, João Almeida termina em 10.º

No entanto, o dia começou por ser marcado por outras razões, que não tinham propriamente a ver com a tirada do dia mas que penalizavam a UAE Team Emirates: na sequência do sprint da etapa da véspera, onde ficou fora das decisões muito cedo, Fernando Gaviria foi relegado para a última posição da sexta tirada por um encosto em Cees Bol que terá condicionado a estratégia da DSM para uma chegada que teve de novo Arnaud Démare a ganhar ao photo finish a Caleb Ewan com Mark Cavendish em terceiro. E esse não foi o único azar do conjunto com três corredores nacionais, depois de um furo no pneu traseiro da bicicleta de João Almeida a 20 quilómetros do final que poderia ter atrapalhado os planos do chefe de fila.

E se essa etapa de quinta-feira teve poucos motivos de interesse a não ser nos últimos quilómetros, agora os focos de atenção começaram bem cedo e prolongaram-se até ao final, com a baixa confirmada à mistura de Michael Morkov, a que se juntariam mais tarde Sergio Samitier, Samuele Zoccarato e Owain Doull.

Depois de várias tentativas de fuga desde os quilómetros iniciais aproveitando o traçado sinuoso, Wout Poels assumiu o papel de primeiro protagonista do dia, sendo depois apanhado por Anthony Pérez, Davide Formolo, Fabio Felline e Vincenzo Albanese na descida do Passo Colla. O grupo de cinco passaria depois a 12, tendo outros nomes fortes como Koen Bouwman e Bauke Mollema, sendo que Richard Carapaz, Mathieu van der Poel, o líder Juanpe López e Lennard Kämna tentaram também sem colar sem o sucesso que Tom Dumoulin e Diego Camargo. A fuga tinha finalmente conseguido o objetivo procurado, com o pelotão a chegar a ter quase seis minutos até aos momentos em que a Ineos agarrava na cabeça da perseguição e fazia baixar essa fasquia que estava em 3.35 a 25 quilómetros do final da etapa.

Também na frente houve um corte e ficou um grupo de apenas quatro elementos com todas as condições para conseguir ganhar a etapa na fuga onde estavam Dumoulin, Formolo, Bouwman (que reforçou de novo a camisola da montanha) e Mollema. A diferença foi diminuindo mas era neste quarteto que estavam todas as decisões da etapa, com Dumoulin a ter uma quebra nos últimos quilómetros mas com forças para voltar a encostar nos líderes. No final, grande vitória para a Jumbo-Visma: Tom Dumoulin preparou a chegada e Bouwman conseguiu ganhar a Mollema e Formolo, que fecharam o pódio desta sétima etapa. Davide Villella chegou sozinho em quinto a 2.25 minutos, João Almeida integrou a parte da frente do pelotão já muito partido que se seguiu a 2.59, acabando na oitava posição da etapa.

Em atualização