Mais de 2.000 pessoas participaram este domingo na Tunísia na primeira manifestação organizada pela frente nacional, recentemente formada por cinco partidos da oposição, contra o presidente Kais Saied.

Empunhando mensagens com palavras de ordem como “Nós venceremos” e “Estamos unidos, não divididos”, entre 2.000 e 3.000 manifestantes juntaram-se frente ao teatro municipal, na avenida principal de Tunes, segundo noticiou a agência France Presse.

“O povo quer aquilo que tu não queres”, gritavam os manifestantes, dirigindo-se ao presidente Kais Saïed, e reclamando “o respeito pela Constituição e o regresso à democracia”.

Hoje, a secretária-geral do partido Tounes AL Irada, Lamia Khmiri, citada pela agência Efe, disse que veio até Tunes para lutar pelo futuro, “um futuro que respeite o Estado de Direito, respeite as instituições e os cidadãos.”

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A 25 de julho do ano passado, Kais Said decretou o Estado de emergência e assumiu plenos poderes para “recuperar a paz social” — uma decisão que teve amplo apoio popular, embora a maioria dos partidos a descreva como “golpe de Estado” e exija um diálogo nacional inclusivo para sair da crise.

Desde então, o Presidente dissolveu, em fevereiro deste ano, o Conselho Superior da Magistratura, em março o parlamento e, um mês depois, alterou a composição da Comissão Superior Independente das Eleições, encarregada de monitorizar os processos eleitorais desde o início da transição democrática da Tunísia, em 2011, e que deverá zelar pelo normal decurso dos próximos atos eleitorais: o referendo sobre o novo texto constitucional e as legislativas de 17 de dezembro.

Assim, muitos dos participantes na ação de protesto de hoje admitiram ter votado em Said nas presidenciais de 2019, mas agora temem a o rumo que o país pode levar.

A pretensão do chefe de estado tunisino de de eliminar os partidos políticos ou a sua política por decreto está a gerar desconfiança entre muitos dos setores da população.

A popularidade de Kais Said continua a cair e, segundo inquéritos locais, à medida que aumenta a preocupação entre os cidadãos pela estratega política que está a ser seguida e, sobretudo, pela situação económica do país, numa altura em que existe uma taxa de desemprego elevada e um aumento da inflação.

A frente nacional da oposição foi constituída a 26 de abril em torno do veterano de esquerda Ahmed Nejib Chebbi, para enfrentar o presidente Saied.