Parecia que estava escrito, mesmo que as linhas não tenham sido aquelas que Gonçalo Paciência mais queria por não ter saído no banco de uma final onde acabou por ser “sacrificado” pelas necessidades da equipa em determinados momentos. Parecia que estava escrito e estava mesmo, num trajeto de quase 20 anos em que um pequeno miúdo que nasceu no futebol chegou também ao seu momento de glória.

Trapp fez um milagre antes de aparecer o Santo(s) do costume (a crónica da final da Liga Europa)

Em 2003, quando estava há pouco tempo de entrar no escalão de infantis do FC Porto, Gonçalo Paciência teve uma oportunidade quase única para um miúdo de nove anos e foi ao La Cartuja, em Sevilha, ver ao vivo a final da Taça UEFA entre os azuis e brancos e os escoceses do Celtic, que terminou com a vitória do então conjunto de José Mourinho após prolongamento antes da conquista da Champions em 2004. Mais tarde, em 2011, esse miúdo que já tinha 17 anos enfrentou uma difícil situação no plano pessoal, ao ver de um lado a equipa do coração (FC Porto) e do outro a equipa do pai (Domingos Paciência). Mais uma vez, o triunfo voltou a sorrir aos azuis e brancos de André Villas-Boas com um golo de Falcão (1-0).

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Depois de empréstimos a Académica, Olympiacos (onde foi campeão da Grécia), Rio Ave e V. Setúbal, e tendo entretanto a oportunidade de se estrear na Seleção principal, Gonçalo Paciência voltou em 2017/18 ao FC Porto na segunda metade da temporada e sagrou-se campeão nacional, saindo no final da época para a Alemanha, assinando pelo Eintracht Frankfurt e ficando sempre no clube por onde passou também o antigo avançado portista André Silva à exceção de 2020/21, quando foi cedido ao Schalke 04.

Agora, na segunda temporada com mais jogos e golos no clube (cinco, dois na Liga Europa), o avançado voltou a ser feliz com a conquista de um troféu que por um lado recordou o triunfo do FC Porto em 2003 na mesma cidade espanhola mudando apenas de estádio (agora foi no Sánchez-Pizjuán) e por outro “vingou” o desaire do pai, que esteve presente este ano em Sevilha em nova final com escoceses, há 11 anos.

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E, mesmo não chegando a entrar, o português foi um dos elementos em maior evidência durante e depois do jogo. Primeiro, foi um dos focos nos festejos do golo de Santos Borré que empatou a final e levou tudo para prolongamento; depois, surgiu como o mais efusivo a celebrar o triunfo após grandes penalidades estando na área técnica do banco; por fim, saltou para o colo do argentino que funcionou como chave do triunfo a par de Kevin Trapp antes da habitual cerimónia de entrega de medalhas e da taça.

“Não tenho muitas palavras, é fantástico. É provavelmente o melhor momento da minha carreira até agora. Sou internacional numa equipa que é especial para mim. Tenho uma oportunidade no estrangeiro de me mostrar no futebol europeu, numa liga boa. É incrível. Este clube é diferente, não só pelos adeptos. Há uma simbiose perfeita como há muito não via. É um grupo fantástico, dá gosto acordar e ir para os treinos todos os dias”, comentou no final da partida Gonçalo Paciência em declarações à SportTV.

“Todos tivemos os nossos momentos. Não joguei o que gostaria, mas tive momentos importantes, na Liga Europa e no campeonato. Sinto-me importante. Não joguei mas ergui a taça. Ela vai inevitavelmente para o meu pai. É o troféu que lhe falta por tudo o que ele passa comigo. Para ele é bonito. É o troféu que faltava na carreira dele como treinador e jogador. Está perfeito lá em casa agora, já todos temos títulos, nacionais e internacionais”, acrescentou o avançado português do Eintracht Frankfurt.