Um grupo armado matou pelo menos duas pessoas e sequestrou outra na sexta-feira em Cabo Delgado, norte de Moçambique, segundo o relato de duas testemunhas em fuga.

Uma das testemunhas disse que homens armados dispararam sobre residentes em campos agrícolas das aldeias de Nova Zambézia e Nguida, no distrito de Macomia.

“Mataram duas pessoas”, pelo menos, referiu, enquanto se escondia em matas de Nguida e esperava pelo resto da família para rumar à vila de Macomia.

Os agressores estão a queimar casas, a saquear comida e a atacar nas “machambas”, campos agrícolas considerados “locais de refúgio” da população, descreveu.

Outro residente em fuga para a vila de Macomia disse que rebeldes lhe sequestraram a tia numa “machamba de arroz”, em Nguida, referindo que militares estão no encalço dos rebeldes, mas sem se saber se a ameaça está neutralizada, pelo que “a população está a fugir”.

Antes de o conflito alastrar, Macomia era um dos principais entrepostos comerciais e de transportes da província, por se situar a meio-caminho na única estrada pavimentada a ligar o norte e o sul de Cabo Delgado, a estrada nacional 380.

A sede de distrito fica cerca de 200 quilómetros a sul de Palma e Mocímboa da Praia, zona dos projetos de gás, reconquistada com o apoio de tropas ruandesas em julho de 2021.

À medida que a ofensiva militar moçambicana apoiada pelo Ruanda e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avança, suspeita-se que também os rebeldes fogem para distritos e províncias vizinhas e protagonizam ataques dispersos.

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As autoridades moçambicanas têm pedido apoios à comunidade internacional para financiar o esforço militar em Cabo Delgado, considerando que apesar das melhorias no controlo da região nos últimos dez meses, o combate contra as forças insurgentes ainda não está ganho.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.