O candidato à liderança do PSD Jorge Moreira da Silva afirmou nesta segunda-feira que o partido está numa posição de “ou vai ou racha”, salientando a importância de refundar e modernizar o Partido Social Democrata.
“Estamos naquela posição em que ou vai ou racha. Ou assumimos que o problema é sério e estrutural e no fundo mudamos de vida ou vamos andar à espera que o contexto melhore, que o poder se desgaste para que o possamos vir a receber”, afirmou o candidato, que falava durante uma sessão de “Diálogos com Futuro”, que decorreu ao final da tarde, na Praça do Comércio, em Coimbra.
Para Moreira da Silva, não se pode responder aos desafios do país sem se tratar também do PSD, considerando que o partido enfrenta um problema “estrutural”.
“Não é por acaso que estamos a enfrentar as dificuldades que estamos a enfrentar. Nós temos um problema que tem de ser resolvido, que não é de identidade, é de modernidade“, asseverou.
O candidato, recordando que Francisco Pinto Balsemão, militante número um do partido, é seu mandatário, vincou que essa proposta de refundação do partido que apresenta nestas eleições “não põe em causa os valores e os princípios” do PSD.
“Outros partidos estiveram na mesma situação em que estivemos e fizeram aquilo que proponho fazer. Não estou a propor nada que seja experimentalismo. Os partidos refundaram-se, mudaram as suas linhas programáticas, modernizaram-se, abriram-se e nós temos a responsabilidade de o fazer”, notou.
Essa necessidade de mudança, apontou, é ainda mais premente face às grandes mudanças da última década, em que “o mundo mudou mais do que nas décadas anteriores”, seja pela evolução tecnológica ou pela exposição dos países a choques externos.
“Nós temos de assumir um objetivo de mudar as nossas linhas programáticas, porque o mundo mudou”, frisou, considerando que quer que regresse ao PSD “o espírito que teve em [19]74, quando era empreendedor, inovador e ousado”.
Moreira da Silva defendeu que o PSD deve assumir uma atitude de “quem não toma nada por garantido”, afirmando também que o partido deve abrir as suas portas à sociedade.
“Acho que chegou a altura de abrir a porta, de escancarar as portas do PSD e criar condições para não só os militantes, mas para que os eleitores que não são militantes possam participar na nossa vida interna”, referiu.
Na sessão, o candidato ouviu perguntas do público e abordou diversos temas ao longo das duas horas.
Ainda durante a sua primeira intervenção, considerou que “há áreas onde existe Estado a mais e outras onde existe a menos”, considerando que nas áreas de soberania, como a segurança e a defesa, o Estado “tem de estar mais presente”.
O candidato disse que na área económica o Estado deve ser mais pequeno e abandonar a ideia de “criar campeões nacionais à força” e considerou que é importante dignificar o papel dos funcionários públicos e tornar a administração pública atrativa para os mais jovens.
Já depois de ouvir perguntas do público, afirmou que é preciso um “limite ao imposto máximo”, mas defendeu a progressividade fiscal, rejeitando a proposta de uma taxa única de IRS — medidas defendidas pela Iniciativa Liberal e pelo partido de extrema-direita Chega.
As eleições diretas no PSD realizam-se a 28 de maio, e o congresso do partido realizar-se-á de 1 a 3 de julho, no Porto.