Fim de linha para o protocolo entre o Estado e a Coleção Berardo em Belém. O Governo não vai renovar o “acordo de comodato” com a Associação Coleção Berardo. A denúncia do contrato vai entrar em vigor em janeiro de 2023.

A decisão foi anunciada esta quinta-feira por Pedro Adão e Silva, que só tinha até dia 1 de julho para tomar uma decisão. Em conferência de imprensa, o ministro da Cultura afirmou que, “a partir de janeiro de 2023, o Estado passará a gerir o espaço do Centro Cultural de Belém onde estava até agora o Museu Berardo”. O objetivo é criar nesse local um novo Museu de Arte Contemporânea, que pode conter obras da Coleção Berardo.

A hipótese de o Governo não renovar o protocolo com a Coleção Berardo já tinha sido levantada pela diretora-artística do Museu, Rita Lougares, nas últimas semanas. Foi com este protocolo, assinado em 2006, que viria a ser criada a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo, com a participação do colecionador, do Estado, através do Ministério da Cultura, e da Fundação Centro Cultural de Belém, com a missão de criar o Museu Berardo para exibir um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário.

O empresário madeirense José Berardo está a contas com a Justiça, por alegadas dívidas de cerca de mil milhões de euros à banca e suspeitas de burla, fraude fiscal e branqueamento de capitais, situação que terá contribuído para o fim da parceria, até pela dificuldade em encontrar mecenas em Portugal devido ao nome do empresário madeirense.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A compra da coleção Ellipse, ligada ao BPP de João Rendeiro

O Governo pretende adquirir a coleção Ellipse, que pertence ao Banco Privado Português (BPP), que foi fundado por João Rendeiro.

De acordo com Pedro Adão e Silva, “o Estado conta muito em breve adquirir a Coleção Ellipse e depositá-la no espaço do CCB”. Porém, o Governo não adiantou qual o valor que está em causa, com o trabalho de atualização do valor das obras a ficar pronto até ao final de junho.

Com base em avaliações feitas no passado, uma comissão tem que atualizar o valor das obras até ao final de junho”, salientou Pedro Adão e Silva que garantiu que a coleção Ellipse “passará a ser do Estado”.

O ministro da Cultura acredita que o processo para conclusão da compra não será demorado. As cerca de 800 obras que compõem a coleção Ellipse estarão “conversadas em boas condições”, acrescentou.

Esta decisão representa uma espécie de perdão de dívida ao banco que foi liderado por João Rendeiro. O valor definido para a aquisição da obra será batido ao montante que terá de ser pago pela comissão liquidatária.