A feira Hannover Messe’22 “é o maior investimento da última década da AICEP numa ação de promoção”, afirma, em entrevista à Lusa, o presidente da agência, adiantando que, em termos globais, ronda os quatro milhões de euros.

A Hannover Messe’22 decorre na Alemanha, entre 30 de maio e 2 de junho, e será inaugurada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro português, António Costa.

“Este é o maior investimento da última década da AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] numa ação de promoção”, afirma Luís Castro Henriques, apontando que há “cerca de três milhões de euros de promoção direta na feira”, “através de um pavilhão central”, onde Portugal terá uma zona de conferências “em permanência e uma exposição muito, muito grande, não só de bons produtos, inovadores e tecnológicos portugueses, mas também de boas parcerias entre empresas portuguesas e empresas alemãs”, como também de empresas alemãs com o setor universitário português.

Também “teremos um conjunto de pavilhões satélites espalhados pela feira e, portanto, uma presença, eu diria, por todo o lado”, descreve o presidente da AICEP.

Além disso, “temos também o apoio, aí indireto” à presença de pequenas e médias empresas (PME) na feira, “em que serão utilizados cerca de mais 1,2 milhões de euros”, detalha o responsável.

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Portanto, em números globais, “estamos falar de um investimento de quatro milhões de euros do Estado português”, sintetiza.

Trata-se de “um número muito significativo e em que nós esperamos que o retorno seja na magnitude das centenas de milhões de euros de aumento de exportações, seja depois por via direta, através de compra direta a empresas portuguesas, seja através também de investimento alemão, que é de natureza exportadora, como temos visto nos últimos anos e, portanto, que irá para reexportar a partir de Portugal”, salientou Luís Castro Henriques.

Quanto às expectativas, estas “são muito positivas”, remata, destacando que o facto de Portugal ser “país parceiro deriva de uma escolha do Estado alemão e, portanto, há aqui uma lógica clara do próprio Estado alemão indicar à sua indústria que Portugal é um destino bom para produção industrial, para parcerias e para investimento” e “só isso já é muito positivo”.

Depois, a AICEP “acredita já há vários anos e, aliás, quando se começou esta negociação, estamos plenamente conscientes que as nossas empresas desses setores — estamos a falar de engenharia de precisão, metalomecânica, maquinaria, energia, automação, soluções digitais para a indústria — Portugal tem, de facto, ofertas que são surpreendentes”.

A Hannover Messe’22 é, por isso, “a feira ideal para nós podermos mudar a perceção (…) da indústria intermédia alemã“, isto porque “hoje em dia temos 550 empresas alemãs a operar em Portugal, se formos a ver, todas as grandes empresas alemãs já operam ou produzem ou têm centros de desenvolvimento de ‘software'”, ou seja, “já estão cá”.

Portanto, “o que nós queremos é mudar a perceção exatamente das outras que ainda não conhecem” e daí a expressão “com que Portugal vai para a Hannover Messe’22 – ‘Portugal make sense’ [Portugal faz sentido]”, explica.

“Estamos completamente conscientes e confiantes que a nossa indústria está preparada para estar na melhor feira do mundo, que tem soluções competitivas para surpreender” no evento “e que consegue ter uma abordagem competitiva para lidar com pares e parceiros alemães”, reforça Luís Castro Henriques.

Aliás, “não há oportunidade de notoriedade maior a nível industrial, seja para a metalomecânica, seja para a maquinaria de precisão, seja para soluções digitais para indústria, seja para ‘software’ de gestão de indústria integrado na indústria 4,0, seja para novas soluções de energia do que a feira de Hannover”, insiste.

A isso acresce que “Portugal ser país parceiro é claramente uma aposta gigante aqui da AICEP e eu estou muito contente com essa aposta”, sublinha o presidente da agência.

Numa altura em que o mundo se encontra a sair da pandemia, “a nossa expectativa é que a larguíssima maioria dos visitantes este ano continuem a ser alemães e europeus (…)”, pelo que o foco “é claramente a Alemanha e depois, obviamente, o resto dos países europeus”, prossegue.

A Hannover Messe divulga “tudo o que acontece na feira a nível global, da China aos Estados Unidos e, portanto, nós também esperamos capitalizar com isso, mas se nos perguntar qual é que o nosso objetivo primordial, é claramente trabalhar a indústria alemã”, sublinha.

Luís Castro Henriques adianta que há um ciclo de conferências “muito, muito grande” na feira.

“O pavilhão, a seguir aos eventos institucionais de segunda-feira, vai estar permanentemente a ter seminários onde iremos destacar parcerias já feitas de sucesso”, bem como o acesso ao talento português, as soluções inovadoras desenvolvidas em Portugal, seja em parceria com as empresas alemãs, seja de raiz por empresas portuguesas, “tudo sempre em grande parceria com o sistema universitário”, conta

“Teremos uma série de entidades do sistema universitário, de pesquisa e investigação” que estarão representadas na feira, “creio que a própria escala da nossa presença, toda a atuação, vai de facto conseguir encher a feira de Hannover, o que é um grande desafio”, considera Luís Castro Henriques.

Além da parte de promoção e notoriedade, a feira de Hannover tem também uma componente política.

Luís Castro Henriques recorda que tudo partiu de “um convite do Estado alemão que, na prática, é um reconhecimento da qualidade da indústria portuguesa”.

Mas “é também o reconhecimento do bom entendimento de Portugal como parceiro, obviamente país-membro da União Europeia, portanto estamos todos o mesmo mercado, mas não tenhamos a mínima dúvida: é uma sinalização clara para a indústria alemã de que Portugal é um bom destino para investimento, para parcerias, para desenvolvimento de novas soluções e, portanto, como é óbvio, também tem uma componente política grande”, salienta Luís Castro Henriques.

Aliás, “no primeiro dia da feira, a primeira visita do chanceler alemão será ao pavilhão de Portugal, onde terá um pequeno seminário e onde iremos apresentar exatamente o porquê Portugal e porque é que Portugal faz sentido”, exemplifica o presidente da AICEP.