“Ele é alguém que não podia ter menos interesse em relação a livros de recordes. Ele sabe quando consegue esses recordes mas encolhe os ombros quando lhe perguntam sobre eles. Na cabeça dele, só há uma coisa que interessa: um dia perguntei-lhe como era o trabalho dele e só disse ‘Fazer e manter o presidente feliz’. Foi assim com Florentino Pérez no Real Madrid, com Berlusconi no AC Milan e com Abramovich no Chelsea”, explicou Chris Brady, co-autor do livro “Liderança Tranquila” sobre a gestão e a parte técnica de Carlo Ancelotti. O italiano é assim, sempre foi assim, continuará assim. Mas este ano, por mais que vá encolhendo os ombros a todos os feitos que alcançou, torna-se complicado passar mais ao lado.

Carletto mostrou que não é para quem quer, é para quem pode (a crónica do Liverpool-Real Madrid)

Apenas num mês, o treinador conseguiu dois feitos que muitos pensavam ser impossíveis, até tendo em conta que, desde que saiu do Bayern, muitos consideravam encontrar-se já numa segunda linha de clubes que não Juventus, AC Milan, Chelsea, PSG, Real Madrid ou Bayern por onde passara. Esteve no Nápoles, rumou ao Everton, por lá ficou até ao final da última temporada. Nessa altura, e perante a saída de Zidane do comando dos merengues, Florentino Pérez apostou no certo e foi melhor ainda do que pensava.

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Pensa como o Padrinho, foi um Gladiador sem joelho e até entrou no Star Trek: Carlo Ancelotti, o “líder tranquilo” que dava um filme

Primeiro, Carlo Ancelotti tornou-se o primeiro treinador de sempre a sagrar-se campeão nas cinco ligas principais da Europa (Itália com AC Milan, Inglaterra com Chelsea, França com PSG, Alemanha com Bayern e agora Espanha com Real Madrid). Agora, passou também a ser o primeiro técnico com quatro vitórias na Liga dos Campeões (2003 e 2007 pelo AC Milan, 2014 e 2022 pelo Real Madrid), superando não só Zinedine Zidane mas também Bob Paisley, ambos com três. Mais: o italiano tornou-se o primeiro a ter nove títulos internacionais, mais um do que Alex Ferguson, Giovanni Trapattoni e Pep Guardiola, entre quatro Champions, três Supertaças Europeias e dois Mundiais de Clubes.

“Foi uma época fantástica. Estamos muito felizes por isso. Não posso acreditar. Foi um jogo difícil. Sofremos na primeira parte, mas no final, com todos os jogos que fizemos, penso que merecemos vencer esta competição. Não sei o que dizer mais, não consigo dizer mais nada. Sou um homem de sorte. Tive a sorte de chegar este ano e tivemos uma época fantástica, com um grande plantel, de muita qualidade e de carácter mental muito forte. Esta época foi top”, comentou no final do jogo o treinador italiano.

“Penso que passámos por dificuldades ao longo da prova. O apoio [dos adeptos] foi grande. Estamos muito felizes e acredito que os adeptos também. Exibição de Courtois? Foi inacreditável, não acredito”, acrescentou ainda Carlo Ancelotti, um dos mais saudados ao longo de toda a festa espanhola.