A Coreia do Norte assumiu, esta quinta-feira, a presidência da Conferência de Desarmamento da ONU sob críticas devido à sua política de armamento e aos ensaios com mísseis, violando as normas internacionais do Conselho de Segurança.
Todos os meses, a presidência da Conferência sobre Desarmamento fica sob a responsabilidade de um dos seus 67 Estados-membros, por ordem alfabética, e em junho pertence ao país liderado por Kim Jong-un.
Na tomada de posse, o embaixador norte-coreano, Han Tae Song, comprometeu-se a “respeitar as posições de todas as delegações”, mas pediu que se concentrassem na agenda da Coreia do Norte.
Apelou ainda aos restantes membros que evitassem “atitudes politizadas”, que pudessem conduzir a um clima de confronto.
Em nome de vários países de todas as regiões, em particular da Europa e da América Latina, a delegação australiana declarou que ia participar nas sessões da conferência sob a presidência norte-coreana, mas deixou claro que esta participação não deve ser interpretada como uma tolerância para com “as ações da Coreia do Norte, que violam numerosas resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.
Uma das opções em cima da mesa era boicotar as sessões de trabalho deste mês, mas os Estados-membros optaram por participar até que a Coreia do Norte conclua o seu mandato a 24 de junho, apesar de os embaixadores europeus já terem garantido não assistirem às sessões.
A Austrália acrescentou que o grupo de países que representará continua “profundamente preocupado com os progressos [norte-coreanos] no desenvolvimento de armas de destruição maciça e de mísseis balísticos, bem como com o sétimo ensaio nuclear relatado pelo país”.
Só em 2022, a Coreia do Norte já realizou cerca de 20 ensaios de mísseis, incluindo um modelo de gama de alcance intercontinental e ainda de mísseis hipersónicos, apesar de este último caso ainda não ter sido confirmado.
Em resposta às críticas dos vários países relativamente à presidência, o embaixador norte-coreano em Genebra justificou que aposta no armamento por parte do Governo da Coreia do Norte deve-se ao estado de guerra do seu país com os Estados Unidos (EUA).
“O meu país segue em guerra com os EUA, por outras palavras, a guerra da Coreia dos anos 50 ainda não acabou e encontramo-nos num estado de cessar-fogo. Além disso, temos estado sujeitos a todo o tipo de ameaças dos Estados Unidos, incluindo a utilização de armas nucleares”, disse Tae Song.
O norte-coreano acusou ainda os EUA de provocações ao prosseguir com exercícios militares na região todos os anos, obrigando “a desenvolver capacidades de defesa nacional com o único objetivo de defender o nosso Estado”, comentou.
“A História demonstra que quando um país é atacado ou invadido, nenhum outro país o vai proteger e cabe ao país defender-se a si próprio”, continuou o embaixador.
O representante dos Estados Unidos, que respondeu aos comentários de Han Tae Song, ofereceu novamente à Coreia do Norte a via do diálogo.
As últimas negociações realizadas entre os dois países aconteceram durante o governo de Donald Trump, que chegou a deslocar-se a território norte-coreano e falar brevemente com o líder do país, Kim Jong Un.
Segundo as declarações de hoje do delegado norte-americano, os EUA “mantêm-se comprometidos com a solução diplomática e esperam que a Coreia do Norte aceite as repetidas ofertas de diálogo”.
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