Rui Jorge mostrou satisfação pelo balanço de 100 jogos à frente da seleção nacional de futebol de sub-21, que cumpre no sábado, diante da Grécia, mas frisou que o foco está no “percurso” e não nos resultados.
O jogo com a Grécia será o 100.º de Rui Jorge como selecionador sub-21 — a caminhada começou em novembro de 2010 -, sendo o selecionador nacional sub-21 europeu há mais tempo no cargo, durante o qual obteve quatro apuramentos para fases finais de Europeus da categoria (2015, 2017, 2021 e 2023), contando ainda com a presença nos Jogos Olímpicos de 2016.
“É lógico que é bom, é sinal de continuidade, é um número que traduz uma longevidade que me agrada e que, pelos vistos, tem agradado à Federação [Portuguesa de Futebol]”, disse, na conferência de imprensa, no auditório do Estádio Municipal de Braga, de antevisão da receção à Grécia, que fecha o grupo D da fase de apuramento para o Euro2023.
Com 72 vitórias, 15 empates e 12 derrotas em 99 partidas à frente dos sub-21, Rui Jorge admitiu que o “balanço é bom”, mas notou que o seu “foco é sempre outro”. “Não são os resultados, mas o percurso que temos que fazer e as tarefas que temos que desempenhar, depois aparecem os resultados”, disse.
Rui Jorge diz não pensar treinar em clubes e afirmou-se “preenchido” na posição que ocupa e naquilo que faz.
“Dá-me um prazer enorme, e à minha equipa técnica, lidar com estes grupos nestes 12 anos, nos jogadores que por aqui têm passado, que têm deixado um legado de qualidade de jogo e de comportamento, e eu sinto-me satisfeito por liderar este grupo e poder ver de muito próximo grandes jogadores com um talento enorme, que hoje são o ponto máximo do futebol a nível mundial”, disse.
O lateral-esquerdo Rafael Rodrigues considerou na quinta-feira que Portugal é candidato a ganhar o Campeonato da Europa de futebol sub-21, em 2023, e Rui Jorge mostrou satisfação pela ambição do jovem jogador, mas recusou “dar para esse peditório dos candidatos ou dos favoritos”.
“É novo no espaço, o Rafael, nota-se [risos]. Acho muito bem que ele demonstre essa ambição, mas acho ainda melhor que a demonstre em todos os treinos. Pensem como quiserem, mas o que eu quero do Rafael e de todos os outros é que em cada treino, em cada palestra e observação que fazem dos adversários estejam atentos e consigam dar o seu melhor. Se o fizerem e o treinador ajudar, podemos ir subindo os degraus para chegar a uma zona que eu sei que é muito difícil chegar”, disse.
Portugal já está apurado para o Campeonato da Europa de 2023 da categoria e fecha o grupo D, que terminará em primeiro lugar, no sábado, recebendo a Grécia, em Barcelos, mas Rui Jorge assegura que a preparação é igual a qualquer jogo.
“Preparámos com afinco, dedicação e entusiasmo, para que eles consigam mostrar toda a qualidade que têm, e é isso que tenho sentido no terreno. Ainda ontem [quinta-feira], achei muito interessante a intensidade que vários jogadores, que poderiam estar de férias, colocaram no treino. Para quem lidera um grupo é gratificante e um bom sinal”, disse.
O selecionador disse esperar uma Grécia em 5x3x2, sem modificar a sua forma de jogar.
“Nós vamos querer dominar o jogo. No desempate para o segundo lugar, levam vantagem sobre a Islândia se conseguirem um ponto [sábado], por isso não penso que vão modificar a forma de jogar. Espero muito o género de jogo que foi lá [vitória por 4-0]. Se conseguirem circular rápido a bola teremos dificuldades na largura, mas é uma batalha que teremos que vencer”, disse.
Rui Jorge disse não estar preocupado em eventualmente perder jogadores para a seleção A.
“Não me apoquenta, vinha preparado e habituei-me a isso. Por exemplo, hoje temos o caso do Zé Carlos a demonstrar o seu potencial e isso aconteceu porque o Vitinha subiu de patamar e abriu espaço para outro excelente jogador, que, de outra forma, poderia não estar aqui. Felizmente, em termos de quantidade de jogadores de qualidade estamos muito melhor do que há 12 anos”, disse.
O selecionador elogiou ainda o investimento que os clubes portugueses fazem na formação, notando que o aumento do leque de jogadores de qualidade disponível para as seleções “tem tudo a ver com isso”. “Nós usufruímos e bebemos do que os clubes fazem e de como se estruturam”, disse.
Nesta fase de qualificação, Portugal soma oito vitórias e um empate, 39 golos marcados (melhor ataque de todos os grupos até ao momento) e dois sofridos (melhor defesa, em igualdade com a Bélgica e a França).
Portugal, primeiro classificado, com 25 pontos, e Grécia, segundo, com 17, defrontam-se a partir das 20:15 de sábado, no Estádio Cidade de Barcelos, jogo que será arbitrado pelo inglês David Coote.