Um espetáculo de fogo de artifício e bandeiras dos dois países. Foi assim que se inaugurou, esta sexta-feira, a ponte que vai unir o território russo ao chinês, enviando um sinal de proximidade entre os dois países numa altura de grande isolamento internacional para a Rússia.
Como explica a Reuters, a ponte, que terá efeitos simbólicos — mostrar que a relação entre os dois países está a ser aprofundada — e práticos — facilitando as relações comerciais entre os dois países, numa altura em que a Rússia está cada vez mais isolada e castigada por sanções internacionais –, liga a cidade russa de Blagoveshchensk e a cidade chinesa de Heihe, atravessando o rio Amur.
A ponte tem, assim, apenas cerca de um quilómetro de extensão e custou, segundo a agência estatal russa RIA, 19 mil milhões de rublos (325 milhões de euros).
Na inauguração, descreve a Reuters, camiões partiram dos dois extremos da ponte e fizeram a curta travessia, decorados com bandeiras tanto da Rússia como da China.
Russia and China opened a new cross-border bridge in the far east https://t.co/VIiRtlxYpE pic.twitter.com/cS6SrAxeXJ
— Reuters (@Reuters) June 10, 2022
E o representante do Kremlin naquela região, Yuri Trutnev, celebrou: “No mundo dividido de hoje, esta ponte entre a Rússia e a China tem um significado simbólico especial”.
É, assim, mais uma confirmação de que, após algumas dúvidas iniciais, a China está a escolher ficar ao lado da Rússia. Isto depois de os dois países terem já anunciado, poucos antes da guerra, que se empenhariam numa parceria bilateral “sem limites”.
No final de abril, outro passo neste sentido, pelo menos a nível, mais uma vez, do simbolismo: nessa altura, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, dizia, citado pela Time, que os dois países estavam “comprometidos” com a construção de “um novo modelo de relações internacionais”.
A conclusão a retirar do “sucesso” da relação entre China e Rússia, defendia então, é que isso acontecera por ambos os países terem posto de lado a lógica de alianças políticas e militares do tempo da Guerra Fria.
Os sinais de apoio da China à Rússia têm valido ao país de Xi Jinping vários avisos e ameaças por parte dos Estados Unidos, mas não parecem ter feito a China recuar.