Os Casamentos de Santo António voltam este domingo a unir 16 casais lisboetas depois de dois anos interrompidos devido à pandemia de Covid-19, sendo a freguesia de Marvila a que apresentou mais candidatos.
O evento uniu pela primeira vez na igreja de Santo António, em Lisboa, 26 casais em 1958. O objetivo da iniciativa, patrocinada então pelo jornal Diário Popular, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras.
A iniciativa já teve o nome de “Noivas de Santo António” e esteve 23 anos sem se realizar após o 25 de Abril de 1974, tendo sido retomada em 1997, através da Câmara Municipal de Lisboa, sendo agora integralmente organizados pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC).
“Os casamentos são feitos de muitas histórias”, explicou à agência Lusa Maria do Carmo Rosa, que está na organização desde 2006 e como coordenadora geral do evento desde 2008.
“Cada casal é uma história”, prosseguiu, “é, também, o que nos fascina na organização. Este ano, aconteceu um episódio engraçado: um dos candidatos surpreendeu a noiva com a inscrição. Era o sonho da vida dela e ele decidiu surpreendê-la, inscrevendo-se em segredo. A noiva só percebeu no dia da entrevista. Ficámos todos emocionados com a reação dela”.
São este ano 11 os casais que se vão casar na cerimónia religiosa e cinco pelo civil, num processo que começou em janeiro, com as candidaturas e prosseguiu depois, em março, com o processo de entrevistas para chegar aos 16 selecionados.
De acordo com Maria do Carmo Rosa, este ano foi “um pouco mais complicado”, devido às incertezas resultantes da pandemia, tendo o processo iniciado um “pouco mais tarde” em fevereiro, embora tenha salientado que “felizmente tudo está a correr muito bem”.
Em 2020, o processo foi interrompido na véspera das entrevistas. De acordo com a responsável, havia candidatos, mas a seleção não chegou a concretizar-se devido à pandemia, salientando que todas as candidaturas de há dois anos foram consideradas para 2022.
Habitualmente, de acordo com Maria do Carmo Rosa, são recebidas cerca de 40 candidaturas por edição, com algumas freguesias a destacar-se no número de casais que querem dar o nó, como é o caso de Marvila.
Como todos os eventos, também os Casamentos de Santo António sofrerem evolução, reconhecendo Maria do Carmo Rosa, que há pormenores na organização que foram melhorados com a aprendizagem de cada edição.
Se no início os casamentos eram sobretudo procurados por aqueles que tinham menos recursos económicos, hoje, a responsável referiu que há candidatos “com mais formação superior, mas que têm empregos muito frágeis e necessitam de ajuda para organizar o casamento”.
“Portanto a falta de recursos económicos continua a ser um dos motivos mais recorrentes. Paralelamente, no entanto, há a tradição do santo casamenteiro e a vontade que os candidatos têm de se envolverem numa iniciativa popular e acarinhada”, disse Maria do Carmo Rosa, lembrando que há uns anos a organização foi confrontada com a inscrição de um casal que “claramente não tinha dificuldades, mas queria muito participar”.
Os Casamentos de Santo António afirmaram-se como um dos momentos altos das Festas de Lisboa, trazendo à rua milhares de pessoas, atraindo turistas de todas as partes do mundo e captando a atenção mediática.
Para os casais que participam, os Casamentos de Santo António representam um momento inesquecível, onde se cumpre o sonho do casamento”, reconheceu Maria do Carmo Rosa.
Santo António é popularmente conhecido como um santo casamenteiro, pois, segundo a lenda, era um excelente conciliador de casais.
É particularmente venerado na cidade de Lisboa, onde se comemora, no dia da sua morte, 13 de junho, o feriado Municipal. As festas em sua honra começam logo no dia 12 com a realização dos tradicionais Casamentos de Santo António.