A segunda audiência da comissão parlamentar que está a investigar o papel do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, no assalto ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, acontece esta segunda-feira. Segundo relata o New York Times, a comissão continua a abordagem da primeira sessão, na qual procura mostrar, através das palavras do próprio Trump e dos seus assessores próximos, que todos sabiam que tinham perdido as eleições de 2020 e, contudo, insistiram no contrário.

A audiência conta com vídeos e o discurso de várias testemunhas. Uma delas foi o antigo procurador geral de Donald Trump, William P. Barr, que prestou testemunho através de um vídeo, e disse acreditar que o ex-Presidente estava “delirante” ao insistir nas alegações de eleição fraudulenta. “Ele desligou-se da realidade se realmente acredita nestas coisas”, cita o New York Times, e continua: “Nunca houve uma indicação do que eram os factos”.

Uma delas é o jornalista Chris Stirewalt que trabalhava na Fox News na altura das eleições e do ataque ao Capitólio, mas meses depois foi despedido. Foi uma das pessoas responsáveis pela decisão do canal de notícias em anunciar a vitória de Joe Biden no estado do Arizona na noite das eleições de 2020, o que terá irritado Trump, segundo explica o jornal. Outra testemunha ouvida esta segunda-feira é o ex-procurador de Atlanta, Byung J. Pak, sobre o facto de ter renunciado em janeiro de 2021, antes que o presidente Donald Trump o demitisse por se recusar a dizer que houve fraude eleitoral na Geórgia.

Uma das testemunhas que não marcou presença nesta segunda audiência foi Bill Stepien, gerente de campanha do Presidente Donald Trump para as eleições de 2020, porque a mulher entrou em trabalho de parto, segundo avançaram fontes próximas ao New York Times. Contudo, testemunhou por vídeo.

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A comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque ao Capitólio norte-americano começou a apresentar as suas conclusões na semana passada, com a primeira audição a acontecer no dia 9, e disse que a agressão não foi um momento espontâneo, mas uma “tentativa de golpe”.

O jornal New York Times criou uma cronologia muito precisa dos acontecimentos deste dia que pode ser consultada aqui.

Este primeiro dia contou com a transmissão de um vídeo inédito de 12 minutos no qual se vêem momentos do assalto e testemunhos de pessoas do círculo mais íntimo de Donald Trump. Contou também com o testemunho da agente das forças policiais do Capitólio, Caroline Edwards, que estava presente no dia do ataque e sofreu ferimentos graves. Ainda nesse primeiro dia, a vice-presidente do painel e congressista do partido republicano Liz Cheney, que liderou grande parte da audiência, acusou Donald Trump de convocar “uma multidão violenta”.

Comissão que investiga assalto ao Capitólio culpa Trump por “tentativa de golpe”

As audiências com transmissão televisiva em horário nobre e regular nos Estados Unidos (EUA) já começaram no dia 9 de junho e serão oito, no total.

Para trás estão já feitas cerca de 1.000 entrevistas e recolhidos mais de 100.000 documentos, incluindo e-mails e textos, ao longo de vários meses, segundo informou o deputado democrata Bennie Thompson, que preside à comissão.

O trabalho desta comissão dura há já vários meses e, recentemente, a investigação tem-se vindo a aproximar do círculo mais próximo de familiares e conselheiros políticos do ex-presidente Donald Trump, o que incluiu audições de dois dos seus filhos. Paralelamente ao trabalho desta comissão, está a decorrer uma investigação no Departamento de Justiça norte-americano.

Comissão que investiga ataque a Capitólio aproxima-se de círculo próximo de Trump